90% das escolas não tem desfibrilhadores

Em Portugal existem apenas 464 desfibrilhadores para 4529 escolas públicas. Apesar de, nos últimos quatro anos, ter havido um crescimento de 725% deste tipo de equipamentos em quatro anos, o caminho a percorrer ainda é longo. A sensibilização e preparação para dar resposta a eventos cardiovasculares inesperados deve começar nos estabelecimentos de ensino.

Apesar de, em quatro anos, o número de desfibrilhadores automáticos externos (DAE) disponíveis nas escolas ter passado de 64 para 464 (aumento de 725%), o número de equipamentos está ainda muito aquém do necessário.

De acordo com os números apresentados pelo Jornal de Notícias, 90% das escolas ainda não tem desfibrilhadores.

Em paralelo, também o número de formações é crescente, mas ainda insuficiente.

Ao JN, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) referiu que 2111 professores têm formação de suporte básico de vida (SBV)/DAE.

Segundo o INEM, atualmente, mais de 100 municípios já implementaram iniciativas deste tipo em todo o território nacional.

O matutino detalhou ainda que, à margem do Programa Nacional de DAE, criado em 2009, para ajudar no combate às doenças cardiovasculares, existem hoje:

  • 1826 viaturas de emergência médica com DAE (em 2010 eram 143), verificando-se 5872 utilizações por ano por elementos das viaturas;
  • 4240 espaços públicos com DAE (apenas 13 em 2010);
  • 35.121 operacionais DAE (em 2010 eram 90).

É importante começar pelas escolas

O JN foi conhecer o Projeto Somos Um – um programa pioneiro de formação em SBV, que visa capacitar alunos do ensino secundário, assim como professores e funcionários na resposta a eventos cardiovasculares inesperados.

“O Somos Um surgiu da necessidade urgente de começarmos a colmatar a falta de literacia sobre o suporte básico de vida. Foi no fundo um grito porque todos os dias chegam [à urgência] pessoas sem viabilidade para serem reanimadas, de todas as idades”, disse Jorge Brandão, um dos mentores do projeto e enfermeiro no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

Margarida Rodrigues, aluna do 11.º ano da Escola Secundária Joaquim de Araújo, em Penafiel, que frequentou a formação do Somos Um, enalteceu a importância de uma iniciativa que vai levar (para a) vida.

“Consegui aprender durante uma manhã e vou levar para a minha vida (…) São técnicas que salvam vidas (…) Sinto-me mais segura ao ter essa capacidade e responsabilidade de, no caso de acontecer alguma fatalidade, conseguir encarar de uma forma diferente e ajudar a reverter a situação”, refletiu.

Agora, com cada vez mais pessoas aptas para fazer os procedimentos, é importante ornamentar as escolas com um DAE, em sítios estratégicos e de fácil acesso.

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, refere que, sendo as escolas locais com milhares de pessoas, é urgente “dar um passo de gigante para que cada escola tenha um DAE”.

Miguel Esteves, ZAP //

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