Combatentes islamitas assassinaram centenas de crianças no Iraque, nomeadamente em execuções sumárias, e estão a utilizar outras como bombistas-suicida, alertou hoje uma perita das Nações Unidas, perante o Conselho de Segurança.
“Perto de 700 crianças foram mortas e mutiladas no Iraque desde o início deste ano, incluindo em execuções sumárias”, contabilizou Leila Zerrougui, representante especial das Nações Unidas para as crianças e os conflitos armados.
Perante o Conselho de Segurança, que hoje se reuniu para discutir o problema das crianças-soldado, Leila Zerrougui disse ainda que os fundamentalistas do grupo Estado Islâmico, que têm semeado o terror no norte do Iraque, estão a recrutar meninos de 13 anos para carregarem armas, montarem guarda a pontos estratégicos e prenderem civis.
“Outras crianças foram usadas como bombistas-suicida“, acrescentou.
A comunidade internacional tem repetidamente acusado o Estado Islâmico de crimes de guerra e contra a humanidade, desde que em junho o grupo armado fundamentalista começou a controlar vastas zonas do Iraque e da Síria.
Mas o Estado Islâmico não é o único responsável pelo envolvimento de crianças, já que as milícias aliadas do governo iraquiano também as estão a usar para combater os fundamentalistas, frisou a responsável, realçando que, em julho, desapareceram “numerosas crianças” detidas pelas forças regulares, depois de as milícias terem invadido as prisões.
Na reunião de hoje, o Conselho de Segurança analisou também os casos de Líbia, Afeganistão, Mali, Sudão do Sul e República Centro-Africana, onde as crianças são recrutadas como soldados.
Só na República Centro-Africana, cerca de oito mil crianças estão alistadas em vários grupos armados, referiu ao Conselho de Segurança o chefe das missões de paz da ONU, Herve Ladsous.
Presente na mesma reunião, o ator Forest Whitaker, embaixador da boa vontade para a paz e a reconciliação da UNESCO (agência da ONU para educação, ciência e cultura), fez um apelo à reintegração das crianças-soldado.
“Essas crianças devem sentir-se tão sozinhas quando regressam dos campos de batalha para um mundo que não as reconhece”, lamentou. “A não ser que as esperemos de braços abertos, casas abertas, escolas abertas, as suas guerras nunca terão fim. Nem as nossas”, frisou.
No início do ano, as Nações Unidas lançaram a campanha “Crianças, não soldados“, com o objetivo de garantir, até final de 2016, que nenhum exército ou outra força regular dos Estados-membros esteja a utilizar crianças.
/Lusa