50 anos depois, os portugueses só confiam nos militares

Henrique José Teixeira Matos / Wikipedia

Manifestação do 25 de Abril de 1983 na cidade do Porto

A Assembleia da República é a instituição em que os portugueses menos confiam. Governo, juízes e políticos estão no fundo da tabela, e menos de metade confia na Presidência. Só duas instituições merecem a confiança de mais de metade dos portugueses.

Na madrugada de 25 de abril de 1974, fazem hoje 50 anos, uma revolta militar liderada pelo Movimento das Forças Armadas iniciou uma operação que rapidamente se transformou numa revolução pacífica com ampla adesão popular.

Os militares saíram às ruas das principais cidades do país, como Lisboa e Porto, sem encontrar grande resistência por parte das forças leais ao regime. A população juntou-se aos militares em celebração, colocando nos canos das armas dos soldados os cravos vermelhos que deram o nome à revolução.

O movimento levou rapidamente à queda do governo de Marcelo Caetano, que se refugiou no Brasil, marcou o fim da ditadura do Estado Novo, liderada por António de Oliveira Salazar, e iniciou um processo de transição para a democracia, com a realização de eleições livres e a elaboração de uma nova Constituição em 1976.

Mas, meio século após a Revolução dos Cravos que nos trouxe a liberdade e a democracia, os portugueses fazem um retrato sombrio do país, e só têm confiança nos militares, revela uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos portugueses está insatisfeita com o estado da democracia (51%) e em particular com os políticos, que não se preocupam com os interesses das pessoas (67%).

Para 39% dos inquiridos, a vida piorou nos últimos anos, e só um terço acredita que poderá melhorar a curto prazo. 17% sentiram uma melhoria, e 43% consideram que, 50 anos depois do 25 de Abril, ficou tudo igual.

Para mais de 60% dos inquiridos, a habitação e a justiça são as áreas que geram maior descontentamento. Quase a mesma percentagem, 58%, não acredita na capacidade de o Estado atuar em nome de todos.

Uma esmagadora maioria, 85%, acredita no entanto no poder do voto, e 67% encontram que pelo menos um partido representa os seus pontos de vista e valores.

E 50 anos depois, os portugueses só confiam em duas instituições do regime democrático: as Forças Armadas e as forças policiais. 65% têm uma confiança “grande ou muito grande” nos militares, 64% confiam nas forças policiais. Estas são as únicas instituições que recolhem a confiança de mais de 50% dos inquiridos.

Menos de metade dos portugueses confiam na Presidência da República: 37% dos portugueses têm grande confiança, e 8% “muito grande”, num total de 45% de avaliações positivas.

A Assembleia da República é a instituição em que os portugueses menos confiam: apenas 33%. Pouco acima, o Governo, que recolhe a confiança de apenas 34% dos inquiridos.

Também no fim da tabela, os tribunais e juízes (35%). Câmaras municipais e sindicatos merecem a confiança de apenas 36% dos inquiridos. E pouco mais, 37%, confiam nos órgãos de comunicação social.

Finalmente, são 40% os inquiridos que têm confiança Ministério Público.

ZAP //

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