Muitas idas à casa de banho durante a noite? A condição tem um nome — noctúria — e pode levar a graves alterações no sono e qualidade de vida. Eis 5 dicas para enfrentá-la.
Insónias e falta de descanso e sono são para muitos, as consequências de levantar constantemente a meio da noite para ir ao quarto de banho.
Estas queixas são mais comuns do que pensamos e têm um nome: noctúria adulta. Segundo a Sociedade Internacional de Continência, a condição é definida exatamente como a necessidade de acordar para urinar pelo menos duas vezes por noite.
Este problema, que afeta o sono e a qualidade de vida, é mais frequente à medida que envelhecemos. Estima-se que três em cada cinco pessoas com mais de 70 anos sofram com a condição, que também pode ocorrer em idades mais jovens e afeta igualmente homens e mulheres.
Uma ampla gama de causas
Há dois fatores que podem dar origem à noctúria: a diminuição da capacidade da bexiga e/ou o aumento da produção de urina, conhecida como poliúria.
No primeiro caso, falamos de um órgão com capacidade entre 300-600 mililitros, que pode ser reduzida por dois fatores.
Um deles é uma alteração anatómica. Nos homens, é mais comum devido à hipertrofia benigna da próstata e, nas mulheres, à obesidade e ao prolapso de órgãos pélvicos ou problemas funcionais como a síndrome da bexiga hiperativa, cistite ou infeções.
No que diz respeito à poliúria, a produção noturna de urina costuma diminuir devido à ação da hormona antidiurética mas, à medida que envelhecemos, a libertação dessa substância é reduzida à noite.
A diabetes, insuficiência venosa ou cardíaca, hipertensão arterial, aumento da ingestão de líquidos à noite e consumo de cafeína, álcool ou tabaco são outras causas a ter em conta.
Além disso, existem medicamentos cujos efeitos colaterais podem aumentar a produção de urina ou alterar o funcionamento da bexiga.
Os mais comuns são os diuréticos, usados para tratar a retenção de líquidos e reduzir a pressão arterial; os anticolinérgicos, frequentemente usados para tratar a síndrome da bexiga hiperativa e que podem interferir nos sinais nervosos que controlam o órgão e provocar um aumento na frequência urinária, incluindo noctúria; os medicamentos para a hipertensão, como bloqueadores dos canais de cálcio e inibidores da enzima conversora de angiotensina e ainda alguns antidepressivos.
Eis cinco medidas para enfrentar a noctúria:
1. Mudanças no estilo de vida
Reduza a ingestão de líquidos de 4 a 6 horas antes de dormir, evite álcool e cafeína à noite, pare de fumar e perca peso, caso esteja acima do peso médio.
Também é aconselhável urinar antes de dormir e fazer exercícios para o assoalho pélvico. Se sofre de retenção de líquidos nas pernas, é uma boa ideia levantá-las algumas horas antes do anoitecer.
2. Tratamento adequado em caso de doença
Se a noctúria for causada por uma doença, como diabetes ou doença cardíaca, o tratamento adequado pode reduzir os sintomas. É importante continuar o acompanhamento com os profissionais de saúde da atenção primária e levar o problema ao seu médico.
3. Mudança de horários
Modificar os horários dos tratamentos farmacológicos, diuréticos e inibidores da enzima pode ajudar. Lembre-se que os profissionais de saúde devem ser consultados primeiro para que o tratamento seja ajustado e de forma a minimizar os efeitos colaterais.
4. Recorra a um fisioterapeuta
O tratamento do assoalho pélvico e o treino da bexiga com fisioterapeutas podem ser úteis para possibilitar um melhor controlo da micção.
5. Medicação
Por vezes, após avaliação individual, o médico pode prescrever medicamentos para tratar a poliúria noturna: diuréticos (administrados a meio da tarde), análogos do hormona antidiurética e antidepressivos tricíclicos que aumentam a produção da hormona.
É aconselhável, caso sofra com estes sintomas, consultar os profissionais de atenção básica de saúde, que farão uma avaliação individualizada, considerando os seus hábitos de vida, a medicação e outras patologias.
ZAP // BBC