Dois ciclos de cigarras voltam a cruzar-se este ano após mais de dois séculos — mas um fungo aterrorizante pode estragar-lhes a festa.
Pelo mundo fora, estamos todos praticamente habituados à vinda das cigarras em grandes números de vez em quando, mas este ano a sua chegada vai ser especial.
Em qualquer circunstância normal, os insetos chegam em massa, mas 2024 vai trazer milhares de milhões de cigarras num fenómeno raríssimo, que não era registado há há mais de dois séculos.
Isto porque, num ano normal, veríamos apenas uma ninhada de cigarras a emergir do solo. Pois este ano, não uma, mas duas ninhadas vão invadir os EUA.
As ninhadas XIII e XIX vão juntar-se e chegar como uma por uma razão bastante simples.
“Apaixonadas” por números primos, as cigarras e as suas ninhadas emergem normalmente de 13 em 13 anos ou de 17 em 17 anos, de modo a evitar que os seus predadores as acompanhem.
Ambos os grupos — XIII e XIX — emergem precisamente de 13 em 13 e de 17 em 17 anos, respetivamente, e este ano estes ciclos sincronizaram-se, algo que não acontecia desde 1803.
Os EUA preparam-se então para um cenário apocalíptico, com dois enormes grupos de cigarras a emergir do subsolo para trocar de exoesqueleto e a voar pelos 50 Estados fora para acasalar — mas um fungo assustador pode “estragar-lhes a festa”, dizem investigadores à NPR.
Um céu de cigarras hipersexuais
O fungo Massospora cicadina faz com que as cigarras “sejam hipersexuais, tenham uma resistência prolongada e acasalem como loucas”, diz o patologista florestal e micologista na Universidade da Virgínia Ocidental, Matt Kasson, citado pela Unilad.
Segundo o especialista, o parasita é o maior pesadelo destas cigarras: só ataca precisamente as dos ciclos de 13 e 17 anos. Espalha-se no momento da tentativa de acasalamento e faz mesmo com que as cigarras continuem a tentar acasalar… depois de lhes caírem os órgãos genitais.
Tal como a cigarra, resta-nos esperar sentados para ver o que acontece.
