Um “asteroide” descoberto, em dezembro do ano passado, revelou ser ainda mais interessante do que se pensava: afinal, não se trata de apenas um asteróide, mas de dois, na sua própria órbita binária em torno de um centro de gravidade mútuo.
Segundo o Science Alert, este objeto chama-se 2017 YE5 e quando foi detetado pela primeira vez, em 21 de dezembro de 2017, estava de tal forma inclinado que os astrónomos não conseguiram perceber que se tratava afinal de dois objetos.
Porém, em junho passado, os asteroides chegaram ao ponto mais próximo da Terra no seu caminho elíptico à volta do Sol – uma distância de cerca de 6 milhões de quilómetros do nosso planeta -, tornando-se uma oportunidade de observação demasiado boa.
Por isso, entre 21 e 26 de junho, cientistas do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, e do Observatório do Green Bank, em West Virginia, uniram esforços em busca de alguma magia astronómica. Arecibo transmitiu um sinal de radar para o asteróide, que ricocheteou no objeto a ser recebido pelo Green Bank numa técnica chamada radar bi-estático.
Os observatórios observaram o 2017 YE5 de forma independente, determinando a lacuna entre os objetos. Os dois asteroides realizam uma órbita completa um do outro a cada 20 a 24 horas. Observações ópticas que mediram o brilho deste asteroide binário confirmaram esta descoberta.
Os astrónomos estimam que cerca de 15% de todos os asteroides próximos da Terra com mais de 200 metros de diâmetro são binários, no entanto, estes geralmente consistem num asteróide menor e num maior.
De acordo com o mesmo site, alguns chegam até a ser triplos – mas muito mais raramente – como o asteroide Florence, que voou pela Terra em agosto e setembro do ano passado, acompanhado por duas pequenas luas próprias.
Porém, o 2017 YE5 é especial. Cada um dos dois objetos mede cerca de 900 metros de diâmetro, o que significa que ambos são aproximadamente do mesmo tamanho. Esta dimensão também é maior do que as observações iniciais de brilho sugeridas, o que significa que o par não é muito refletivo e é provavelmente preto como carvão.
Além disso, os dois objetos também mostraram uma característica curiosa. Cada um reflete o sinal do radar de forma diferente, o que significa que provavelmente há uma diferença nas suas densidades, composição da superfície, rugosidade da superfície ou uma combinação desses fatores.
Isto poderá significar que, inicialmente, as duas partes eram objetos separados que eram atraídos para uma órbita mútua quando se aproximavam um do outro.
Descobrir mais sobre o 2017 YE5 vai exigir mais investigação, mas as observações futuras são eminentemente possíveis. Os dois demoram apenas 1.730 dias para orbitar o Sol, ou seja, 4,74 anos. No momento em que isso acontecer novamente – um piscar de olhos em termos espaciais – podemos até ter tecnologia mais avançada que possa obter dados de alta resolução.
Entretanto, os dados obtidos na última observação vão ser analisados para tentar perceber melhor as densidades destes objetos, o que pode dar-nos mais informação sobre a sua estrutura interna e composição.