Especialistas em saúde pública apontam que é preciso acompanhar o aumento da incidência com um aumento do números de rastreadores, numa altura em que já começam a chegar relatos de alguns relatos de dificuldades em alguns locais.
Se os números diários da pandemia em Portugal continuarem a evoluir como os especialistas em saúde pública esperam, com 2000 casos diários, serão precisos mais rastreadores, entre 330 a 350, para controlar a situação, juntamente com mais testes diários. Apesar de o número de profissionais dedicados a esta tarefa ter vindo a aumentar à medida que a incidência também aumenta, a referência usada é a de que “cada rastreador consegue, no limite, fazer seis contactos por dia“.
De acordo com o jornal Público, que ouviu Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, “no último relatório das Linhas Vermelhas [correspondente de 4 a 10 de novembro] tínhamos 267 rastreadores, o que estava adequado para 1600 novos casos.”
“Esta semana [com uma média de novos casos acima dos 2000] deveríamos chegar aos 330 rastreadores. Quando os casos crescem exponencialmente, para manter o rastreio também é preciso aumentar exponencialmente o número de rastreadores e de testes. Se para a semana chegarmos aos 3000 mil casos, temos de ter 500 rastreadores”, explicou.
A necessidade de aumentar os rastreadores tem sido destacada desde o início da pandemia, sobretudo por parte da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP). Também ao jornal Público, Ricardo Mexia, presidente dessa organização, afirmou que já têm recebido relatos de dificuldades em alguns locais como resultado do aumento do volume de contactos. “A situação ainda não é dramática, mas não dá para esperar uma semana para se aumentarem os recursos.”
Já Gustabo Tato Borges, vice-presidente da ANMSP, recorda que é necessário tempo para realizar “inquéritos epidemiológicos com qualidade e o rastreio de contactos, cujo número é muito variável”. Isto significa que para uma média de 2500 novos casos, 267 rastreadores, com uma média de dez casos atribuídos, “é claramente insuficiente“.
“Há necessidade de mais recursos humanos, pessoas treinadas em entrevistas. Para fazer um trabalho com qualidade, para que não escape ninguém, precisamos de ter 350 rastreadores”, aponta.