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15 minutos a caminhar ou pedalar. Duas cidades europeias que têm perto tudo o que é preciso para o dia-a-dia

Num quarto de hora a caminhar ou a pedalar, existem duas cidades europeias onde é possível encontrar tudo o que precisa: lojas de conveniência, espaços desportivos, assistência médica, escolas e, até, instalações culturais e de lazer.

Já imaginou “encontrar tudo o que precisa no dia-a-dia a 15 minutos de sua casa, a pé ou de bicicleta”? Esse é um conceito popularizado pelo urbanista Carlos Moreno, cujo objetivo é reduzir o tempo perdido em deslocações, bem como o uso de transportes públicos e veículos motorizados privados.

De acordo com o Cities of The Future, Moreno descreve o conceito como uma abordagem centrada no ser humano, amiga do ambiente e baseada nas relações de proximidade e na facilidade de acessos.

Esta estratégia urbana não se concentra em abrir estradas com mais eficiência, mas sim em reduzir as deslocações, estando assente no fácil acesso a equipamentos e serviços da vizinhança, usos mistos de comércio e serviços, num ambiente de cidade multicêntrica (bairros autónomos equipados) e com densidade adequada (apenas o suficiente para um estilo de vida urbano, evitando a superlotação).

Idealmente, numa cidade de 15 minutos, a mobilidade de longa distância é significativamente reduzida e os residentes dependem muito menos dos seus veículos particulares ou transporte público para as deslocações diárias.

O que se deve encontrar perto de casa, a 15 minutos de distância, para que uma cidade seja uma verdadeira cidade habitável são as lojas de conveniência e os pequenos negócios e serviços como instalações culturais, de lazer e desportivas, assistência médica, escola, parques e etc.

Na perspetiva de Carlos Moreno, ter tudo tão próximo significa um uso mais eficiente e disseminado do solo, evitando aglomerações.

Na cidade dos 15 minutos a rua é o núcleo, o ponto de encontro, o centro das atividades ao ar livre, um local pedonal, verde, para diferentes utilizações ao longo do dia.

Resgatadas do intenso tráfego de veículos automóveis, as ruas tornam-se habitáveis, acolhendo parques infantis, esplanadas e manifestações de arte urbana, aumentando a sinergia e a integração. O espaço urbano por excelência recupera a sua humanidade, que a escritora e ativista canadiana Jane Jacobs já desejava para as cidades norte-americanas há cerca de meio século.

Afinal, quais são as cidades de 15 minutos?

Nos últimos anos, grandes cidades como Paris, Nova Iorque e Barcelona já se encontram na linha da frente na luta contra a utilização de automóveis, recuperando ruas para o uso pedonal e de bicicletas.

Em Barcelona, ​​que já é uma cidade de 15 minutos em relação a vários aspetos, os quarteirões são um exemplo de sucesso desta tendência. De acordo com Janet Sanz, 90% da população espanhola usufrui de medidas em espaços públicos para pedestres, bicicletas e uso de transportes públicos.

Já em Paris, cuja Câmara Municipal adotou a tendência como pressuposto basilar da sua política urbana em 2019, as ruas recuperadas tornam-se parques e algumas até se transformam em “ruas infantis” durante várias horas todos os dias. Anne Hidalgo refere-se ao conceito como a “transformação ecológica da cidade”.

Antes da pandemia de covid-19, as aglomerações urbanas eram medidas com a constante de Marchetti – que tem em conta o tempo de deslocamento. Agora, é necessário adicionar outros parâmetros à equação, tais como a necessidade de espaço privado, o facto de os transportes públicos serem evitados e de o teletrabalho estar a aumentar.

ZAP //

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