12 anos de prisão para bailarina russa. “Alta traição” por donativo de 47 euros

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Um tribunal russo sentenciou a cidadã russo-americana Ksenia Karelina a 12 anos de prisão, depois de esta ter sido considerada culpada de “alta traição” por ter dado cerca de 50 dólares a uma instituição de caridade pró-Ucrânia.

“O tribunal considerou Ksenia Karelina culpada de alta traição e condenou-a a 12 anos de prisão numa colónia de regime geral”, declarou esta quinta-feira o Tribunal Regional de Sverdlovsk em Ekaterinburgo.

Um vídeo divulgado pelo tribunal russo mostra Karelina  numa gaiola de vidro, vestida com um top branco e calças de ganga, enquanto o veredicto era lido.

Um porta-voz da presidência dos Estados Unidos, citado pela NPR, considerou a sentença como “nada menos do que crueldade vingativa“.

A bailarina de 32 anos, natural de Los Angeles, foi detida na cidade de Ekaterinburgo, nos Urais, em janeiro, quando visitava a família.

Ksenia Karelina doou 51,80 dólares, cerca de 47 euros, à instituição de caridade “Razom for Ukraine“, sediada em Nova Iorque, pouco depois de a Rússia ter lançado a sua ofensiva militar em grande escala em fevereiro de 2022.

O serviço de segurança russo FSB, antiga KGB, acusou a bailarina de doar dinheiro que foi “usado para comprar material médico tático, equipamento, armas e munições para as forças armadas ucranianas”.

Segundo a imprensa estatal russa, Karelina declarou-se culpada das acusações numa audiência na semana passada.

“Estamos a falar de 50 dólares para tentar aliviar o sofrimento do povo da Ucrânia e chamar a isso traição é absolutamente ridículo”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos jornalistas.

Washington acusau Moscovo de prender os seus cidadãos com base em acusações infundadas para os utilizar como moeda de troca para garantir a libertação de russos condenados no estrangeiro.

A sentença foi decretada pouco mais de duas semanas depois de a Rússia ter libertado o repórter norte-americano Evan Gershkovich, o antigo fuzileiro naval norte-americano Paul Whelan e 14 outros, na maior troca de prisioneiros com o Ocidente desde a Guerra Fria.

Na quarta-feira, um norte-americano acusado de violência contra um agente da polícia russa em Moscovo foi condenado a 15 dias de prisão por “hooliganismo”.

Segundo um grupo de defesa dos direitos humanos russo, Karelina foi detida pela primeira vez a 27 de janeiro, quando visitava a família em Ekaterinburgo, quase um mês depois de ter chegado à Rússia.

Segundo a agência noticiosa regional russa URA.RU, a acusação estava relacionada com “palavrões num local público“, uma acusação que Karelina rejeitou em tribunal.

Os agentes do FSB poderão ter descoberto que Karelina efetuou o pagamento à instituição de caridade pró-Ucrânia através do seu telemóvel, mas não ficou claro de que forma.

A bailarina foi inicialmente detida durante 14 dias por “vandalismo“, mas nunca foi libertada, uma vez que as autoridades a acusaram entretanto de “traição” durante a sua detenção.

A Rússia prende frequentemente estrangeiros com acusações menores antes de os acusar de crimes mais graves, como traição ou espionagem.

ZAP //

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