Há já 11 candidatos na corrida à sucessão a Boris Johnson

Vários deputados já anunciaram que estão na corrida para suceder a Boris Johnson no leme do Partido Conservador. O vencedor só vai ser conhecido depois das férias de Verão, no Outono.

A corrida à liderança do Partido Conservador está a aquecer no Reino Unido — e há já 11 candidatos a suceder a Boris Johnson.

Os candidatos vão passar por várias rondas de votação entre os deputados e, progressivamente, serão eliminados. Na primeira volta, os candidatos com menos de 18 votos são eliminados e na segunda, o mínimo já é de 36 votos. Se todos os candidatos cumprirem o mínimo, aquele que tiver menos votos é eliminado.

As votações vão-se repetindo até haver apenas dois candidatos, que poderão então fazer campanha. Os finalistas serão sujeitos a uma votação por correspondência de todos os membros do Partido Conservador.

O vencedor será o novo líder e será nomeado o primeiro-ministro de facto. O sucessor de Boris Johnson poderá convocar eleições antecipadas se assim entender, mas não é obrigado a fazê-lo.

Jeremy Hunt

Um dos rostos que já confirmou que é candidato é o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, que já em 2019 tinha sido o outro finalista nas eleições internas, tendo perdido contra Boris Johnson.

Hunt é um dos Conservadores que se manifestou contra o Brexit em 2016. Numa entrevista ao The Sunday Telegraph, o candidato lembrou que é o único “principal candidato que não serviu num Governo de Boris Johnson”.

“Critiquei o que estava errado muito antes do que quaisquer outro principais candidatos e não andei a defender o indefensável“, atirou, prometendo que quer “restaurar a confiança, crescer a economia e ganhar a próxima eleição”.

O candidato também promete implementar a taxa mais baixa de IRC nos países ocidentais, uma mudança de estratégia desde 2019, onde era um dos rostos da ala mais esquerdista do partido e defendia antes um aumento do limite para a qualificação do seguro nacional — um corte nos impostos para a classe média.

Rishi Sunak

Já desde a sua explosão de atenção mediática no início de 2020 que Rishi Sunak é visto como o herdeiro natural de Boris Johnson e é agora encarado como um dos favoritos à vitória.

O ex-Ministro das Finanças foi um dos nomes que precipitou a onda de demissões que levou à demissão de Johnson e foi um dos rostos mais populares do Governo no início da pandemia, devido aos apoios que foram dados à população.

No entanto, desde então que a sua reputação foi abalada por uma sucessão de escândalos sobre a fortuna da família, sobre os negócios da sua mulher na Rússia e sobre o seu estatuto especial que lhe permite pagar menos impostos. Sunak também foi um dos Ministros multados no escândalo do partygate.

Num vídeo de campanha publicado na sexta-feira, Sunak prometeu lutar contra as dificuldades económicas que o país atravessa com “honestidade, seriedade e determinação”.

Penny Mordaunt

A actual Ministra do Comércio começou a sua campanha de forma menos boa, tendo de editar o seu primeiro vídeo de campanha porque este incluía o ex-atleta paralímpico que foi condenado por homicídio, Oscar Pistorius. Desde então, o atleta Jonnie Peacock também pediu publicamente para ser retirado do vídeo.

“A nossa liderança tem de mudar. Tem de ser menos sobre o líder e mais sobre o navio”, afirmou no vídeo, fazendo um trocadilho com as palavras leadership (liderança) e ship (navio).

Mordaunt já teve vários cargos em sucessivos Governos, tendo sido a primeira mulher a tornar-se Secretária de Estado das Forças Armadas, cargo de onde foi demitida por Boris Johnson. A deputada também já foi Ministra da Igualdade e distingue-se do resto dos Conservadores por ser uma defensora dos direitos de pessoas trans.

Suella Braverman

A actual Procuradora-Geral que quer livrar-se de “toda esta treta woke” também anunciou que está na corrida e promete “mover o céu e a Terra” para restaurar a confiança dos britânicos no Governo.

Braverman também já foi alvo de críticas por parte de advogados depois de o Governo ter unilateralmente anunciado planos para quebrar a lei internacional e não cumprir o protocolo pós-Brexit sobre a Irlanda do Norte.

No plano económico, a candidata garante que acredita num “Estado eficiente e com impostos baixos”, defendendo que o IVA na energia seja eliminado.

Liz Truss

A Ministra dos Negócios Estrangeiros tem estado nas bocas do mundo por causa da guerra na Ucrânia, tendo já sido acusada de ser fazer “diplomacia de Instagram” e de inflamar a tensão com a Rússia.

A sua postura dura, crenças conservadoras, guerras à cultura “woke” e desdém pela União Europeia já lhe valeram a alcunha “nova dama de ferro“. De acordo com um antigo membro do executivo britânico, a estratégia de Truss é “dizer liberdade tantas vezes quanto possível e parecer-se com a Margaret Thatcher tanto quanto puder”.

Truss é também uma defensora aguerrida da economia de mercado livre. No lançamento da sua candidatura, a Ministra promete levar o Reino Unido de volta aos valores Conservadores.

Tom Tugendhat

Tugendhat é o presidente do comité parlamentar dos Negócios Estrangeiros, sendo visto como o candidato mais progressista do lote. Já serviu no exército britânico no Iraque e no Afeganistão e promete um “foco implacável” contra o aumento do custo de vida.

O deputado também fundou o China Research Group em 2020 e desde então que foi proibido de entrar na China por espalhar “mentiras e desinformação”, segundo o Governo de Pequim.

“A razão para a minha candidatura é simples. A confiança na nossa política e no partido está a colapsar. Precisamos de um recomeço”, afirmou no Twitter.

Kemi Badenoch

Badenoch foi Ministra da Igualdade antes de se ter demitido semana passada. A razão para a sua saída foi a pressão imposta por grupos de activismo LGBT, que a criticaram pela demora na proibição às terapias de conversão sexual.

A candidata promete continuar na “guerra ao woke” e que se vai “focar no essencial”. No plano económico, Badenoch quer criar um micro-Estado e prometeu cortes nos impostos aliados a uma disciplina orçamental rígida.

“As pessoas estão fartas de banalidades e retórica vazia. Amar o nosso país, o nosso povo ou o nosso partido não chega”, escreveu no The Times.

Nadhim Zahawi

Nadhim Zahawi assumiu o cargo de Ministro das Finanças na semana passada, após a saída de Rishi Sunak.

Tal como o seu antecessor, Zahawi também já foi alvo de questões sobre possível evasão fiscal, algo que considera ser parte de uma campanha para o “manchar”, tendo prometido tornar públicas as suas finanças pessoais todos os anos se vencer a eleição.

Zahawi é também um defensor do Brexit, que acredita ter tornado o Reino Unido uma “nação livre”, e quer impostos mais baixos e uma reforma nas leis fiscais. O Ministro nasceu no Iraque e foi para o Reino Unido quando era criança com o estatuto de refugiado.

Sajid Javid

O ex-banqueiro foi o primeiro Ministro a demitir-se na semana passada, tendo abandonado a pasta da Saúde. Filho de pais paquistaneses e muçulmanos, Javid é um admirador de Margaret Thatcher.

Na corrida à liderança dos Conservadores em 2019, Javid ficou em quarto lugar. Depois de ter passado por uma fase onde defendia uma maior investimento público enquanto era Ministro da Saúde, Javid voltou agora às suas raízes, prometendo impostos baixos e pouca despesa pública.

Grant Shapps

Talvez o caso que mais notoriedade deu a Grant Shapps tenha sido quando em 2012 se descobriu que tinha utilizado um alter ego para se fazer passar por um guru milionário na internet.

Sob o nome Michael Green, Shapps garantiu aos clientes que podiam fazer 20 mil libras em 20 dias com a ajuda de guias que vendia online. Desde 2019 que é o Secretário dos Transportes e desde 2005 que é deputado.

Um aliado leal de Boris Johnson, Shapps tem também planos para tornar o Reino Unido a maior economia da Europa até 2050.

Rehman Chishti

Por fim, há Rehman Chishti, que é o maior outsider entre os candidatos que já foram anunciados. Chishti começou a sua carreira política como conselheiro do ex-primeiro-ministro, desde 1999 até 2007.

Também tem um passado forte, já que chegou ao Reino Unido do Paquistão com apenas seis anos e sem saber falar inglês. Já serviu como vice-presidente do Partido Conservador para Comunidades em 2018 e foi enviado de comércio para o Paquistão entre 2017 e 2018.

Adriana Peixoto, ZAP //

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