De delfim de Boris a ligações a “dinheiro sujo” russo. O que se passa com Rishi Sunak?

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O Ministro das Finanças britânico está a atravessar o pior período na opinião pública desde o início da carreira, com os britânicos a criticarem a sua resposta à crescente inflação e com revelações sobre negócios da sua esposa que continuam operacionais na Rússia.

Apontado como um dos favoritos a suceder a Boris Johnson, Rishi Sunak tem estado envolvido em várias polémicas nas últimas semanas devido aos negócios da esposa.

A multimilionária Akshata Murthy, com quem o Ministro das Finanças britânico é casado desde 2009, declara estatuto não-domiciliário no Reino Unido, um esquema muito usado entre os mais ricos no país para evitarem pagar impostos sobre os ganhos obtidos com negócios no estrangeiro.

Murthy é filha do bilionário fundador da consultora tecnológica indiana Infosys e detém pessoalmente 0,93% das acções da empresa, avaliadas em cerca 690 milhões de libras, aproximadamente 830 milhões de euros.

As contas mais recentes da empresa sugerem que a esposa de Sunak ganhou 11.6 milhões de libras, cerca de 14 milhões de euros, em dividendos no ano passado, revela o The Guardian.

Segundo a lei britânica, devido ao estatuto não-domiciliário declarado por Murthy, este dinheiro seria isento de impostos. Caso fosse considerada residente no Reino Unido, a tributação sobre os dividendos de Murthy seria de 38,1% .

Tulip Siddiq, dos Trabalhistas, não poupou nas críticas a Sunak. “O Ministro tem aplicado aumento de impostos sobre aumento de impostos aos britânicos. É assombroso que, ao mesmo tempo, a sua família estivesse a beneficiar de esquemas de redução de impostos. É mais um exemplo dos Tories acharem que há uma regra para eles e outra para as outras pessoas”, atirou.

Esta polémica surge poucas semanas de ter sido noticiado que a Infosys continuava a fazer negócios na Rússia mesmo depois do início da guerra, o que suscitou acusações de que a família do Ministro estava a beneficiar de “dinheiro sujo” e apelos da oposição para que Sunak explicasse os seus conflitos de interesse.

A revelação surgiu depois de Sunak ter apelado repetidamente às empresas britânicas que deixassem de operar na Rússia para “infligirem a dor económica máxima” a Putin e pressioná-lo a pôr um fim ao conflito.

Inicialmente, Sunak recusou comentar o caso, mas quando questionado pela Sky News se estava a dar conselhos que ele próprio não estava a seguir em casa, o Ministro das Finanças separou o seu trabalho como político dos negócios da esposa.

Sobre a possibilidade da sua família estar a beneficiar do governo de Putin, Sunak negou. “Não acho que esse seja o caso. Sou um político eleito e estou aqui para falar daquilo pelo qual sou responsável. A minha mulher não”, respondeu.

Um porta-voz de Sunak também afirmou que nem Murphy nem nenhum outro membro da sua família tem “algum envolvimento nas decisões operacionais da empresa”, cita o The Guardian.

A deputada ucraniana Lesia Vasylenko, que está a lutar na guerra, não poupou nas críticas a Sunak, acusando-o de beneficiar de “dinheiro sujo” que “patrocinou o exército russo”.

“Qualquer dinheiro que entre na economia russa, seja directamente ou através de impostos, esse dinheiro vai patrocinar o exército, para comprar as balas que estão a matar crianças ucranianas“, afirmou Vasylenko.

Num comunicado, a Infosys afirma que tem uma “pequena equipa de funcionários na Rússia que servem alguns dos seus clientes globais, localmente”. “Não temos nenhuma relação comercial activa com negócios russos locais”, reforçou a empresa, que acrescenta que vai doar um milhão de dólares às vítimas da guerra.

O tombo na popularidade

Sunak já foi em tempos visto como o favorito a suceder a Boris Jonhson no leme do Reino Unido e foi também a certa altura o membro mais popular do Governo, com as sondagens a indicarem que os britânicos aprovaram a resposta do Ministro das Finanças à crise económica trazida pela pandemia.

Mas esses dias já lá vão. A popularidade de Sunak caiu a pique nos últimos tempos devido ao descontentamento da população com a resposta do Governo à inflação e à perda do poder de compra dos consumidores.

Desde 23 de Março, a sua popularidade caiu 24 pontos, estando agora 29 pontos no vermelho, segundo uma sondagem da YouGov. Mais de metade dos britânicos inquiridos (57%) desaprova o trabalho do Sunak, sendo este o seu período mais conturbado na opinião pública desde o início da carreira política. É também a primeira vez que a popularidade do Ministro fica abaixo da do líder da oposição, Keir Starmer.

Para além dos problemas na resposta à crescente inflação e da polémica com os negócios da esposa, foi ainda noticiado esta semana que o casal doou mais de 100 mil libras à antiga escola privada do político, Winchester college.

Estas doações também valeram críticas da oposição, com os Trabalhistas a acusarem Sunak de ser elitista por repetidamente subfinanciar a escola pública enquanto dá subsídios ao ensino privado através dos cortes nos impostos.

Adriana Peixoto, ZAP //

6 Comments

  1. Já agora noticiem os milhões que a família Biden sacou na Ucrânia e de oligarcas e os milhões recebidos de uma empresa chinesa ligada aos estado. De como o Biden presidente chantageou para demitir o procurador geral da Ucrânia que investigava casos de corrupção na Ucrânia que o atingiam. E como o filho foi para à adminitração da maior empresa de gás da Ucrânia.

    • A realidade alternativa Russa tem tanto de cómico como de absurdo, e já não há braço armado da desinformação que lhes valha. Papaguear repetidamente informações do Kremlin só ajuda a expor o ridiculo das mesmas, ao nível do terraplanismo. Continue a tentar JR.

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