Produtora de meias desportivas, que contava com empresas como Primark e Puma como clientes, não sobreviveu à pandemia. 108 empregados encontraram os portões fechados na passada segunda-feira.
A empresa de produção de meias desportivas, Nuri encerrou atividades após a sua trajetória de crescimento e sucesso ter sido derrubada pela pandemia da COVID-19, de acordo com o Jornal de Negócios.
Fundada por Sérgio Leite, imigrante retornado da França e antigo trabalhador na indústria têxtil, a empresa sediada em Santo Tirso começou com um espaço de 50 metros quadrados e um pequeno lote de equipamento para a produção das suas meias.
A ascensão da empresa foi consistente, culminando na inauguração de uma fábrica de cinco mil metros quadrados em 2006. Em 2019, a Nuri empregava 112 pessoas, faturava cinco milhões de euros e produzia 5300 dúzias de pares de meias por dia para exportação, contando com clientes como a Primark e um contrato com a Puma.
A empresa avançou com um investimento de 3,5 milhões de euros, apoiado pelo programa Compete 2020, com o intuito de aumentar a capacidade produtiva para cerca de 7800 dúzias de pares de meias por dia. No entanto, com a pandemia da COVID-19, viu a faturação descer a pique, acumulando prejuízos próximos dos dois milhões de euros. Em outubro passado, a Nuri aderiu ao Processo Especial de Revitalização (PER), contando já com dívidas de 11,6 milhões de euros.
A lista de 156 credores inclui entidades como o BCP, o IAPMEI, e a Caixa Geral de Depósitos (CGD), bem como a Segurança Social. A administração da Nuri comprometeu-se a pagar as dívidas em 8 anos e meio, com 18 meses de carência, dispensando 28 trabalhadores em dezembro. No entanto, o plano de recuperação não foi homologado e a empresa entrou em processo de insolvência a 17 de maio, com clientes a adiar encomendas.
A 6 de julho de 2023, em assembleia de credores, foi aprovada a concessão de 60 dias para a apresentação de um novo plano de recuperação. Contudo, após dois grandes clientes falharem o pagamento de cerca de 200 mil euros, a Nuri solicitou a liquidação da empresa a 7 de julho.
Os 108 trabalhadores da empresa encontraram os portões fechados ao regressarem ao trabalho na semana seguinte, assinalando o encerramento definitivo da Nuri.
Operários reclamam salários em atraso
Deparados com o encerramento da fábrica, cerca de 30 trabalhadores da Nuri optaram por “reclamar os salários em atraso e os papéis para o fundo do desemprego” à porta da fábrica, no mesmo dia.
“Mandaram-nos de férias na sexta-feira, dia 7, e a fábrica fechou. Só nos apercebemos disso na segunda-feira [dia 10], quando recebemos um email a dizer que a fábrica ia fechar e que iam dar mais informações na sexta-feira que passou. Mas não disseram mais nada. Agora, o nosso receio é que retirem daqui as máquinas”, conta ao JN Ana Oliveira, que trabalha na fábrica tirsense há 16 anos.
Ao jornal, o advogado de cerca de 20 trabalhadoras, Hernâni Gomes fala numa série de “informações contraditórias” que foram sendo prestadas aos operários, por parte da Nuri.
“Os trabalhadores estavam a contar que a empresa pagasse o salário e o subsídio [de férias], e não pagou. Eles precisam do dinheiro para viver”, disse o advogado.
O Fundo de Garantia Salarial será ativado, para que os funcionários possam receber os respetivos direitos.
Agora, estes trabalhadores, não se esqueçam de continuar a votar nos partidos do centro, direita e extrema direita, que protegem estas empresas quando fecham e não as obrigam a pagar os seus valores aos trabalhadores !!!