Um homem com “traços de génio” que chegou sempre “cedo demais”, ou “tarde demais”. É deste modo que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageia Adriano Moreira, ex-ministro de Salazar na ditadura e ex-presidente do CDS em democracia, no dia em que este faz 100 anos.
Marcelo Rebelo de Sousa fala de Adriano Moreira como “verdadeiramente fascinante”, sublinhando que “há muito entrou na História apesar de toda a sua vida ter sido feita de desencontros históricos”. “Chegou sempre cedo demais ou tarde demais a esses encontros”, aponta o Presidente da República numa nota oficial.
Adriano Moreira chegou “cedo demais”, na análise de Marcelo, quando “subiu os degraus da vida, se fez estudioso”. Mas a Academia que o acolheu primeiro desperdiçou-o, “e à sua criatividade escrita e oral e à sua ilimitada doação ao trabalho”, o que o levou a abandoná-la, aponta ainda o chefe de Estado.
Contudo, Adriano Moreira também chegou “cedo demais, quando se lançou, pioneiro, em domínios da Ciência Política, das Relações Internacionais, da Geoestratégia prospectiva. E foram precisas décadas até se entender como antecipara o futuro“, aponta Marcelo.
O Presidente da República considera também que “cedo e, ironicamente, tarde demais”, Adriano Moreira tentou reorganizar a política e direitos coloniais e ultramarinos, mas, “para muitos, o que trazia era ruptura em excesso, e, para muitos outros, aportava com, pelo menos, uma década de atraso”.
“Chegara cedo demais para um ‘status quo’ parado na sua solidão. E tarde demais para a mudança que decifrava, mas cada vez mais intuía já não contar com o seu papel determinante e foi assim que, mesmo desencontrado com a História, nela entrou há meio século, ou talvez mais. Nela entrou, nela ficou, nela ficará para sempre. A própria História se faz desses sortilégios”, continua o chefe de Estado.
“Ímpar no pensamento” e com “traços de génio”
Nas palavras do Presidente da República, o antigo presidente do CDS-PP “foi sempre ímpar no pensamento, na oratória, na conquista das almas, na natural adesão dos alunos, discípulos, seguidores, na intuição do essencial, na conjugação de valores com realidade, no equilíbrio entre o enigma que reforça o mito e a empatia que suscita a emoção”.
“Em suma, traços de génio, tantas vezes recoberto pela antiga presciência acerca da inveja portuguesa”, sustenta.
Marcelo Rebelo de Sousa também faz um agradecimento ao professor universitário por “tudo o que fez, tudo o que faz, pelas Forças Armadas, pela língua, pela cultura” e “pela portugalidade”.
“Neste momento, não há nem direita, nem esquerda, nem civis, nem militares, nem apóstolos das suas lutas, nem críticos de algumas das suas atitudes, nem antigos, nem novos, nem novíssimos, nem conhecedores de há tempos sem fim – nos quais me conto, colega de carteira que foi de meu pai, há quase um século –, nem recém-vindos ao seu convívio. Há, tão-somente, portugueses”, finaliza o Presidente da República.
Em 2020, Adriano Moreira previu a guerra
Figura controversa, mas respeitada, Adriano Moreira sempre manifestou uma clarividência política assinalável, nomeadamente quando, em 2020, alertou para os riscos de uma aposta na guerra após a pandemia de covid-19 – o que veio a suceder com a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Nascido em 1922, em Grijó de Vale Benfeito, Macedo de Cavaleiros, numa família de origens humildes, Adriano Moreira tirou o curso de Direito. Trabalhou na Função Pública e no privado nesta área e depois tornou-se professor universitário.
Foi ministro do Estado Novo apesar de, durante a juventude, ter integrado o Movimento de Unidade Democrática que se opunha ao regime de Salazar. Chegou a estar preso na cadeia do Aljube na mesma cela que Mário Soares.
Enquanto ministro de Salazar, está ligado à reabertura do campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, para onde eram enviados aqueles que se opunham ao regime nas colónias portuguesas.
Na condição de subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, antes de ter chegado a ministro, aboliu o Estatuto do Indigenato que não permitia aos habitantes das colónias a cidadania portuguesa, tendo implementado também um o Código de Trabalho Rural e lançado universidades em Angola e em Moçambique.
Após o 25 de Abril, fez parte do CDS, tendo chegado à presidência do partido entre 1986 e 1988. Foi também deputado pelos centristas no Parlamento, onde actualmente se senta a filha, Isabel Moreira, mas eleita pelo PS.
A filha descreve Adriano Moreira como “um transmontano insistente” que “está sempre a questionar o mundo, as circunstâncias que o rodeiam”, conforme declarações à TSF. “É alguém que ainda está hoje a fazer perguntas todos os dias”, aponta.
A deputada socialista nota que o pai é feito de “matéria que não quebra: a indiferença às diferenças e a valorização das diferenças”.
ZAP // Lusa
Adriano Moreira foi o homem que acabou com o infâme Estatuto do Indiginato e o Trabalho Forçado dos Africanos quando foi Ministro das Colónias de Salazar. Custou-lhe caro a iniciativa porque Salazar logo o demitiu.
Um homem que sabia que o importante era servir o seu país, mesmo com alguém como Salazar. E não foi o único, Francisco Pereira de Moura e Maria de Lurdes Pintassilgo, que foram procuradores à Câmara Corporativa, também sabiam que para bem de Portugal era possível colaborar com Salazar.
«…Ele esteve preso, porque teve problemas políticos. Quando o conheci, puxava para a extrema esquerda. Depois teve o problema com a família do general Godinho. Mandou a família do general apresentar queixa por homicídio contra o Santos Costa. Este mandou-o prender e tivemos um trabalhão para o pôr na rua, pois na realidade, aquilo era uma violência. Pior ainda, porque tendo ele sido conselheiro da queixa – segundo dizia a família do Godinho – foi depois dizer que esta a tinha apresentado contra a sua vontade. Aí começou a criar-se um ambiente algo hostil ao Adriano Moreira.
Depois tornou-se professor da antiga Escola Superior Colonial, começou a aderir ao Salazar. Consegue transformar a Escola num Curso Superior e também que os seus professores passassem a ter a categoria de professores catedráticos.
Isto sem concurso. Por exemplo, Armando Marques Guedes, que era assistente da Faculdade, e a quem tínhamos três vezes aberto concurso para professor, a que nunca se apresentou, foi levado pelo Adriano para professor catedrático do Instituto. O Marcelo, muito magoado, dizia: “Aquele sujeito está à porta do Instituto a distribuir lugares de catedrático como quem dá rebuçados…”…»
Fonte: Adelino da Palma Carlos, sobre Adriano Moreira.
Que medo todos têm ainda hoje a Salazar passados mais de meio
século da sua morte. Todos parecem terem servido a Pátria e não o Homem. Será que ele não serviu Portugal ? Limitou-se a servir o Movimento do 28 de Maio, imposto pelos militares encabeçado pelo general Gomes da Costa. que serviu o País até 1974. Quando os militares quiseram o movimento acabou com o 25 de Abril, fomentado pelos comunistas.
A democracia que temos foi-nos legada pelo grupo dos 9 só em Novembro de 75.
Ele foi um anti comunista convicto e nos livrou do imperialismo soviético, como a história nos está mostrando, calcando-nos com uma ditadura feroz.
Só conheci 3 Homens no CDS verdadeiramente Democratas Cristãos, Bastiões do CDS, que honravam o Partido político que criaram, este já Saudoso Senhor, o também saudoso Freitas do Amaral, e com a mesma Saudade Adelino Amaro da Costa, Pessoas de honra, de Palavra, experientes, sábios, Cristãos, a substituição destes Homens por Tachistas, aproveitadores, gente sem Palavra nem Princípios, levaram o CDS á situação em que hoje se encontra, uma Barriga de aluguer, com o ponto de partida iniciado por Paulo Portas / Nuno Melo, de ganância e vaidade desmedida acabaram com o único Partido verdadeiramente de direita e verdadeiramente DEMOCRATA Cristão, os meus sinceros Pêsames á família Enlutada, e á família DEMOCRATA Cristã agora Órfã, o meu Repúdio por todos quantos se estão a querer notariedade e aproveitamento, tendo a consciência da culpa da destruição gratuita da obra criada por este grande homem, vergonha é o que deve ser exigido ás equipes Paulo Portas Nuno de Melo e a todos que que os acompanharam e hoje fingem lágrimas.