Quase 10 mil crianças ucranianas em Portugal não vão à escola

Bartlomiej Wojtowicz / EPA

A faixa etária mais afetada é entre os 11 e os 15 anos. As organizações que apoiam os refugiados em Portugal estão preocupadas com a situação.

Do total de 14 265 menores ucranianos que entraram em Portugal, apenas 4376 estão matriculados em escolas, havendo quase 10 mil crianças que não estão a frequentar o ensino, avança o JN.

A situação está a preocupar a Associação dos Ucranianos em Portugal, que receia o impacto que isto pode ter no percurso educativo das crianças e na sua inserção na sociedade portuguesa.

“Isto está a acontecer também noutros países. Não se trata de falta de estruturas para os acolher. Mas, sim, de falta de apoio psicológico, para que percebam que é importante andar na escola, mesmo que seja temporariamente”, aponta Pavlo Sadokham, presidente do grupo.

Sadokham acredita que a incerteza de muitas famílias alimenta este problema. Há muitas famílias divididas e o fator psicológico é muito forte. E os mais velhos, como os meus pais, que fui buscar no início do conflito, todos os dias perguntam quando podem regressar porque querem morrer na Ucrânia“, explica.

Afonso Nogueira, responsável pelo espaço da autarquia de Lisboa “Todos Aqui” – um centro de atendimento a pessoas refugiadas da Ucrânia, também está alarmado. “É preocupante não estarem em nenhum sistema de ensino, não saírem de casa e não conviverem com outras crianças e jovens. Temos tentado, diariamente, passar a mensagem de que a escola portuguesa é segura e gratuita”, alerta.

A faixa etária mais afetada é entre os 11 e os 15 anos. “Essa informação tem-nos chegado através das assistentes sociais e psicólogas dos agrupamentos. As questões culturais e linguísticas são uma barreira muito grande“, reforça Afonso Nogueira.

A Associação de Ucranianos em Portugal tem um projeto em cooperação com o Ministério da Educação e com a Fundação Gulbenkian para combater este problema e promover a integração dos refugiados na sociedade. O “Ed Ukr” ainda não tem data para começar, mas está previsto ser implementado em 50 escolas, onde uma equipa multidisciplinar facilitará o processo.

ZAP //

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