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1 em cada 3 crianças europeias são obesas. Números da “epidemia silenciosa” só vão engordar

Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicado esta quarta-feira estima que um terço das crianças europeias em idade escolar primária vive com obesidade ou está acima do peso. Com base nas tendências atuais, 28 milhões de crianças da Europa serão obesas em 2035.

Espera-se que o número de crianças obesas de sexo masculino aumente 61% entre 2020 e 2035, segundo o Atlas de Obesidade 2023. O cenário consegue ser ainda mais alarmante para o sexo feminino, com um aumento projetado de 75%, dita o relatório da OMS.

Este quadro preocupante significa que, em 2035, 28 milhões de crianças europeias entre os cinco e 19 anos vão viver com obesidade.

“As nossas crianças estão cada vez mais a crescer em ambientes que tornam muito difícil a sua boa alimentação e atividade. Esta é uma causa raiz da epidemia da obesidade”, afirmou a Diretora Regional da OMS na Europa, Hans Henri P. Kluge, que confirma que a situação é urgente e tem de ser enfrentada antes que seja tarde demais.

“Como sociedades e países, não conseguimos reverter até agora as crescentes taxas de obesidade infantil e é por isso que a OMS/Europa está aqui na Croácia, a convite da professora Milanović, esposa do Presidente, para galvanizar o apoio político a esta insidiosa crise de saúde pública antes que ela se torne ainda mais difícil de abordar”, disse a diretora.

Os problemas relacionados com a obesidade em todos os grupos etários vão custar 800 mil milhões de euros anuais à região europeia da OMS.

Na reunião desta quarta-feira, onde foi oficialmente criada a primeira Rede de Esposas de Líderes Europeus na Prevenção de Obesidade Infantil na Região Europeia da OMS, ficou decidido que um novo centro de prevenção da doença será coordenado pela agência da ONU.

Obesidade – porta de entrada para mais doenças

A organização lembra que a obesidade aumenta o risco de muitas outras doenças, inclusive doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 ou doenças respiratórias crónicas.

13 tipos de cancro são provocados pela obesidade, que é responsável por, no mínimo, 200 mil casos de cancro anualmente, na Europa, tendência que só vai piorar.

Causa de 13% da mortalidade total mundial e de mais de 1 milhão de mortes anualmente, a obesidade está entre as maiores causas de morte e deficiência na Região Europeia da OMS.

Como podemos travar a “epidemia silenciosa”?

De acordo com o comunicado da OMS, foram identificadas três ações específicas — que devem ser praticadas não só pelas pessoas, mas pelas entidades reguladoras e governos — para combater as atuais projeções e prevenir a obesidade.

  • A prevenção da obesidade infantil, que tem de começar o mais cedo possível, desde a gravidez aos primeiros tempos da infância. Para prevenir a obesidade devemos concentrar-nos na nutrição em todas as fases da vida da criança, relembra a organização, que sublinha que esta atitude tem de estar presentes em casas, escolas e na comunidade geral.

  • A regulação das indústrias da comida e bebida, que passa por taxar as bebidas açucaradas, exigir que a dianteira dos seus rótulos sejam claros e restringir a publicidade destes alimentos, que são pouco saudáveis para as crianças.

  • Promover a atividade física é, também, fundamental e pode ser feito através de políticas de melhoramento de transporte e estrutura urbana, da sua maior inclusão nas escolas e através de mensagens que apoiem estilos de vida ativos.

Kluge avisa que, sendo a obesidade influenciada por vários fatores, “nenhuma intervenção isolada pode travar a sua ascensão.”

“Quaisquer políticas nacionais com o objetivo de enfrentar os problemas do excesso de peso e obesidade têm de ter um elevado nível de empenho político por detrás”, relembra.

Tomás Guimarães, ZAP //

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