1 em cada 10 alunos do secundário nunca leu um livro até ao fim

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Cerca de 10% dos alunos do secundário nunca leram um livro até ao fim, revela um estudo realizado em 15 escolas secundárias do programa Ler+Jovem.

“No ensino secundário, num nível de ensino em que muitos pretendem aceder ao ensino superior, 10% dos alunos nunca leu um livro até ao fim. É um dado que nos deve por a pensar”, disse hoje à agência Lusa Leopoldina Viana, da Universidade do Minho e responsável pelo estudo que decorre desde 2013 no âmbito da iniciativa Ler+Jovem e que será apresentado esta sexta-feira, em Lisboa, no primeiro encontro nacional de escolas participantes neste programa.

A ideia é, segundo a responsável, perceber o que é que os alunos leem, onde leem e quais as suas preferências.

A investigadora adianta que, globalmente, os alunos leem e, desde que é feito o estudo, não se têm registado grandes variações em termos de leitura.

O estudo revela ainda que 14% das famílias dos alunos participantes no inquérito não têm livros em casa e que um quarto dos alunos afirma que não gostava de ler em criança porque tinham dificuldade de compreender o que liam.

“É um dado importante para investir mais na compreensão da leitura nos anos iniciais”, disse Leopoldina Viana.

Leopoldina Viana manifestou ainda preocupação pelo facto de o professor como motivador de leitura aparecer em último lugar entre as motivações dos alunos para lerem. “Dá-nos a entender que há trabalho a fazer e que o professor tem que ter um papel mais ativo nesta área”, considerou.

A procura do conhecimento e de atualização são as principais motivações apontadas pelos alunos para ler, bem como a influência do grupo de amigos.

Os alunos do secundário leem literatura sobretudo dos tempos livres e nas férias, conclui ainda o estudo, que revela, contudo, um “uso intensivo das bibliotecas escolares”.

O livro continua a ser o suporte preferencial de leitura e, entre 2013 e 2014, registou-se uma diminuição do número de alunos que acede à Internet e que tem computador.

“Provavelmente tem que ver com a crise e as dificuldades económicas”, disse Leopoldina Viana.

Leopoldina Viana sublinhou ainda que os alunos escolhem por vezes um tipo de literatura que não é aconselhada pela escola o que leva os professores a pensarem que os alunos não são leitores.

“Há muitos jovens que leem bastante, leem um tipo de literatura que não é muito consagrada do ponto de vista académico e relativamente à qual os professores fazem tábua rasa. Se calhar é preciso que a escola pense nesta leitura e possa integrar este tipo de leitura para seduzir o leitor”, disse.

Professores, alunos e professores bibliotecários de todo o país estão hoje reunidos em Lisboa no I Encontro de Escolas Ler+Jovem, uma iniciativa do Plano Nacional de Leitura e da Rede de Bibliotecas Escolares, que visa fomentar a leitura nos alunos do ensino secundário.

/Lusa

1 Comment

  1. Exactamente. mais uma vez são esses senhores os culpados. A estratégia sugerida, de adicionar aos programas títulos da chamada literatura trash é genial – é assim como se no conservatório se tentasse motivar os pupilos para Mozart através da obra de Emanuel. Genial.

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