São os mais pequenos primatas quem mais sofre com as alterações climáticas

Wegmann / Wikipedia

Um Galago moholi no Kruger Nationalpark, na África do Sul

Nas montanhas de Soutpansberg, na África do Sul, duas espécies de primatas proximamente relacionadas competem por espaço e lutam perante as constantes mudanças de temperatura.

Uma nova investigação, liderada por Michelle Sauther, professora de antropologia da Universidade do Colorado, recorreu a duas espécies de primatas para estudar se o tamanho do animal altera a forma de adaptação a temperaturas extremas.

Umas das espécies é o Otolemur crassicaudatus, que tem tamanho de um gato grande e é conhecido pelo seu grito agudo. O segundo primata, o Galago moholi, tem orelhas e olhos grandes e é suficientemente pequeno para caber na palma da mão.

O tamanho do corpo afeta realmente tudo, afeta a história de vida, afeta quando nos reproduzimos, afeta a duração da vida”, afirma Sauther, citada pelo Phys.org.

O referido estudo destaca a diversidade existente no ecossistema selvagem nas montanhas de Soutpansberg. Este ecossistema é repleto de flores e líquenes onde as temperaturas anuais oscilam entre temperaturas muito baixas no inverno e temperaturas extremamente quentes no verão.

Os primatas menores, ao contrário dos maiores, pareciam ter de caçar comida em todas as condições climatéricas, mesmo durante períodos muito quentes ou frios – o que lhes dava pouco descanso das condições adversas.

Num outro estudo, é notório que os dois primatas parecem ser  semelhantes; ambos passam a vida quase inteiramente nas árvores e são ativos à noite, quando caçam insetos e lambem a goma das acácias.

Os investigadores percorreram os mesmos caminhos dos animais durante 75 noites ao longo do ano para descobrir como é que estes animais dividem as florestas; procuraram-nos iluminando as árvores com uma luz vermelha, para detetar olhos brilhantes, e depois observaram os primatas com uma câmara de imagem térmica.

Michelle Sauther

Um dos Galago moholi observados pelos autores do estudo

Tal como muitos mamíferos pequenos, os Galago moholi, que pesam apenas 150 gramas, têm um metabolismo rápido. Isto significa que precisam de comer — a toda a hora.

Os seus primos maiores, pelo contrário, conseguem armazenar mais gordura corporal, pelo que podem descansar durante temperaturas extremas. Ambas as espécies podem ter dificuldades de adaptação à medida que o seu habitat florestal se torna ainda mais quente.

A investigadora referiu que nenhuma das espécies de primatas está em perigo de extinção, mas enfrentam pressões crescentes de uma série de fatores, incluindo a expansão das redes de estradas na África do Sul e o comércio de animais de estimação exóticos.

As conclusões do grupo, apresentadas num artigo recentemente publicado na International Journal of Primatology, sugerem assim que os primatas pequenos, como o Galago moholi, podem enfrentar desafios adicionais devido às constantes mudanças climatéricas no planeta.

Soraia Ferreira, ZAP //

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