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Museu de Manchester acolhe exposição “ambiciosa” de Joana Vasconcelos

iJuliAn / Flickr

"Lilicóptero", de Joana Vasconcelos

“Lilicóptero”, de Joana Vasconcelos

O Museu de Arte da cidade de Manchester apresenta, a partir deste sábado e até 01 de junho, aquela que a curadora considera “a mais ambiciosa” exposição da artista portuguesa Joana Vasconcelos no Reino Unido, com novas obras.

Feita para ser suspensa na escadaria principal em cascata pelos três andares do edifício vitoriano, “Britannia” junta-se à série “Valquírias“, iniciada em 2004, cujas peças de têxteis são caracterizadas pelas formas tentaculares coloridas por diferentes tecidos, aplicações de tricô e croché e outros adereços.

A nova peça foi inspirada por uma anterior, “Contaminação“, criada por Joana Vasconcelos para ser exposta na Pinoteca de São Paulo em 2008, e que foi reconfigurada três anos mais tarde para o palácio Grassi em Veneza.

Foi no ano de 2011 que começaram os contactos para organizar em Manchester uma exposição da artista portuguesa, cujo trabalho a curadora da exposição, Natasha Howes, disse à agência Lusa admirar desde 2005, quando ficou maravilhada com a “Noiva”, lustre feito com vinte mil tampões higiénicos femininos, apresentado na Bienal Internacional de Arte de Veneza.

“Pensámos que seria interessante trazê-la a Manchester por causa da história da indústria têxtil”, justificou.

No século XIX, graças à Revolução Industrial, a cidade tornou-se na segunda maior do Reino Unido e um dos principais centros mundiais na produção do algodão.

Esta “afinidade” cresceu, enfatizou Natasha Howes, resultando numa exposição “ambiciosa” e num “casamento brilhante” com o espaço e o resto da coleção permanente do museu, com a qual Joana Vasconcelos criou um “diálogo” com as suas próprias peças.

Realizou propositadamente uma nova peça de uma figura feminina para ser colocada junto à escultura “Atalanta”, de John Derwent Wood (1871-1926), e ao quadro “Eve Tempted” [Eva Tentada], de John Spencer Stanhope (1828-1908). Tal como outras da série Esculturas em Cimento, esta nova obra é pintada e depois coberta por renda e crochê.

Outros contrastes com a coleção do museu incluem a exposição de três novas “Pinturas em Croché”, junto a quadros do século XVIII, ou a referência dos azulejos de William de Morgan (1839-1917) numa nova peça da série “Tetris”.

A exposição, que contará com mais de 20 peças, juntará pela primeira vez três veículos de grande dimensão transportados pela artista, também presentes em 2013, no Palácio da Ajuda: “Lilicóptero” (um helicóptero decorado com penas de avestruz), “War Games” (um automóvel coberto por espingardas de plástico) e um triciclo motorizado cheio de estatuetas de Nossa Senhora de Fátima.

Intitulada “Time Machine“, a exposição apresentará também pela primeira vez a cor amarela em “A Todo o Vapor”, uma série de esculturas mecânica feitas de ferros de engomar que abrem como pétalas de uma flor e libertam vapor quando chegam à posição vertical. Esta nova peça será colocada entre as duas anteriores, vermelha e verde, para formarem as cores de Portugal.

Além da ala moderna e das intervenções junto da coleção permanente e no átrio do edifício, a exposição vai estender-se ao exterior, onde estarão duas “Tutti Frutti” e “Fruit Cake”, da série “Delícias”, um gelado de cone e um queque de grande dimensão construídos com formas de plástico de brincar na areia.

Natasha Howes elogia o espírito engenhoso e divertido de Joana Vasconcelos: “É um trabalho muito acessível, muito imediato, de grande escala e colorido, mas que depois, com mais atenção, percebe-se as mensagens que transporta”.

O Museu de Arte de Manchester recebe anualmente cerca de 400 mil pessoas.

/Lusa

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