“Ficam os ‘yes man’”. Direção da IL desvaloriza debandada dos críticos internos

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António Pedro Santos / Lusa

Vários críticos internos da direção da Iniciativa Liberal têm saído do partido nas últimas semanas, mas Rui Rocha frisa que as entradas têm superado as desfiliações.

Nas últimas semanas, dezenas de membros da Iniciativa Liberal têm abandonado o partido devido a conflitos com a direção. Paulo Carmona, ex-candidato a vice-presidente da IL na lista de Carla Castro e coordenador do núcleo de Sintra, foi um destes nomes, tendo saído do partido pouco depois de um grupo de 13 membros da ala conservadora ter tomado a mesma decisão.

Carmona diz estar “cansado e triste” e acusa a direção de Rui Rocha de fazer poucas “tentativas de apaziguamento e de serenidade por parte de quem ganhou a Convenção num partido dividido a meio”.

Esta saída surge poucos dias depois de Carla Castro ter abandonado a vice-presidência da bancada parlamentar por se sentir posta de parte nas decisões do grupo, relata o Observador. “Encostaram-na, deram-lhe um lugar de fachada e não foi considerada”, afirma um crítico da direção não apoiante de Carla Castro.

Ainda antes da saída de Carmona e da decisão de Carla Castro, Rui Rocha já tinha desvalorizado a debandada no partido. “Por cada militante que saiu tivemos dezenas que entraram. Continua a haver um forte interesse das pessoas na IL, uma adesão às nossas propostas. Temos tido um movimento de adesão”, afirma.

Num comunicado, a Iniciativa Liberal revela ainda que ganhou 372 membros desde a eleição de Rui Rocha e adianta que cerca de 90 pessoas pediram a desfiliação. Os dirigentes do partido contam ao Observador que os críticos que saíram queriam mudar a matriz ideológica do partido.

Um conselheiro próximo da direção explica que o grupo de Nuno Simões de Melo e Mariana Nina tinha uma “convicção altamente ideológica” que dificilmente caberia na IL, considerando assim “natural que encontrem outra plataforma partidária onde possam vingar as suas ideias”. Outros dirigentes consideram que as saídas são “insignificantes” e que “fazem parte do dia a dia do partido”.

Do lado dos críticos, há quem acuse a direção de um “ataque constante”. “As pessoas que pensam de forma diferente encontram muitas barreiras e não há interesse em que participem. Ficam os ‘yes man’”, afirma um crítico interno.

Um conselheiro nacional desalinhado com a direção encara as saídas como um “mau sinal” por o partido estar a perder “pessoas inteligentes e com pensamento crítico” que “ajudaram o projeto a crescer” e aponta uma das principais divergências: “O tema da famosa ‘ideologia de género’ desvirtua completamente a Iniciativa Liberal, que, no seu primeiro manifesto, afirmava recusar engenharias sociais”.

ZAP //

2 Comments

  1. Este partido está a dar razão ao presidente da AR. Ao querer ser moderno, mostra-se criançola irresponsável (vide episódio indigno do youtuber no Parlamento). As bordoadas ofensivas do líder nas redes sociais tiram-lhe autoridade moral e acabarão por voltar-se contra ele. Enfim, é mesmo um partido adolescente.

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