Whisky preso em naufrágio com 170 anos pode valer milhões

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No inverno de 1854, um navio de passageiros com 280 barris de whisky e um carregamento de ouro afundou no Lago Michigan, nos Estados Unidos (EUA). Durante décadas, o navio ficou escondido no fundo do lago, a quase 60 metros de profundidade.

Agora, uma equipa de mergulhadores localizou os destroços e planeia recuperar a carga do navio, que pode valer mais de 17 milhões de dólares (cerca de 16 milhões de euros), relatou o All That’s Interesting.

Em dezembro de 1854, o navio Westmoreland transportou 34 passageiros pela Passagem de Manitou, uma área do Lago Michigan conhecida pelas ondas e correntes fortes. Acabou por ser apanhado por uma tempestade.

Segundo o MyNorth.com, ondas que mediam entre três a seis metros bateram contra o navio enquanto este atravessava a passagem. O Westmoreland perdeu a batalha contra a tempestade e afundou em Platte Bay, levando consigo 17 passageiros.

Nos dias que se seguiram ao naufrágio, os jornais publicaram histórias que falavam do ouro e dos barris de whisky a bordo do Westmoreland. Quando naufragou, o navio estava a caminho de um forte do Exército. As moedas de ouro que levava a bordo seriam para pagar os salários dos soldados.

Essas histórias levaram muitos caçadores de tesouros a procurar o navio afundado ao longo dos anos, mas até 2010 ninguém o tinha visto.

Mais de um século após o naufrágio, em julho de 2010, o historiador local e mergulhador recreativo Ross Richardson atravessou quilómetros pelo lago Michigan em busca dos destroços, após vários anos de pesquisa com recurso a mapas e a relatos históricos.

Quando encontrou destroços de um navio, Ross soube imediatamente que se tratava do Westmoreland. No seu livro “The Search for the Westmoreland”, descreveu os pensamentos que passaram pela sua cabeça quando finalmente encontrou o naufrágio pelo qual passou tanto tempo obcecado.

Mas, em termos legais, havia pouco que pudesse fazer para explorar o naufrágio ou para resgatar a sua carga. A lei do Michigan impede que mergulhadores amadores explorem naufrágios sem autorização.

Ross contou sobre a descoberta a instituições de ensino, mas recebeu respostas desanimadoras. Dececionado com a falta de interesse no naufrágio, acabou por organizar as conferências de imprensa e alertou a comunicação social.

A cobertura atraiu a atenção de várias universidades interessadas em mapear o Westmoreland e, quase 10 anos após Ross encontrar o naufrágio, finalmente conseguiu explorá-lo ao lado de uma equipa de investigadores.

Em 24 de junho de 2020, Ross e a equipa mergulharam para explorar o Westmoreland e procurar o seu famoso tesouro. A tripulação identificou vários barris de whisky e moedas de ouro, mas não conseguiu extraí-los devido à lei de Michigan. Mas isso não desencorajou o historiador.

“Estamos nos estágios iniciais de uma operação de salvamento para recuperar os barris de whisky e outros artefatos”, disse recentemente ao Daily Mail. Ainda não foi avançada uma data para início dos trabalhos.

“O Westmoreland é um museu subaquático, repleto de relíquias da década de 1850, preservá-las para exibição pública seria uma causa digna”, referiu Ross.

Em relação às moedas de ouro, afirmou ao mesmo jornal que “valeriam cerca de um milhão de dólares” caso fossem fundidas e vendidas. “O verdadeiro valor é o valor numismático dessas moedas, que pode ser realisticamente superior a 20 milhões de dólares [aproximadamente 19 milhões de euros] hoje”, acrescentou.

O whisky, por sua vez, é excecionalmente raro, e destilarias regionais já manifestaram interesse em comprá-lo para testes e venda. Ainda não se sabe a quantidade que ainda existe desse produto, mas qualquer barril que permaneça intacto terá envelhecido 170 anos.

Além disso, segundo o The Mirror, a composição genética do milho em 1854 era diferente da de hoje, o que significa que o whisky também teria um sabor diferente.

Apesar dos embaraços legais e das difíceis condições em que se encontra o navio, Ross espera extrair o whisky e os artefatos depois de receber as devidas licenças. “Só o tempo dirá se o Westmoreland irá partilhar os seus segredos connosco”, concluiu o historiador.

ZAP //

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