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“As pessoas estão a ser manipuladas”. Edward Snowden abriu a Web Summit

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A conferência tecnológica e de empreendedorismo arrancou esta segunda-feira oficialmente em Lisboa, com o ativista Edward Snowden e o presidente da Huawei Guo Ping. Nos próximos três dias, são esperadas mais de 70 mil pessoas.

O homem que expôs o sistema de espionagem e vigilância da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos era a grande expetativa para a noite desta segunda-feira, na Altice Arena, no Parque das Nações, em Lisboa.

Edward Snowden alertou na segunda-feira que são as pessoas que estão a ser manipuladas e não os dados. “Não são os dados que estão a ser explorados, são as pessoas que estão a ser manipuladas”, advertiu Snowden na abertura da quarta edição da cimeira tecnológica Web Summit.

Questionado sobre os esforços para a proteção de dados dos utilizadores na Europa, Snowden indicou que não considera a introdução do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) uma resposta eficaz, uma vez que “o problema não é a proteção de dados, mas sim a recolha de dados”.

O ex-analista informático salientou que “não há problema em recolher [dados] desde que não haja uma fuga”, no entanto, o que percebemos em 2013, é que “há sempre uma fuga”. Edward Snowden revelou, em 2013, a existência de um sistema de vigilância mundial de comunicações e de Internet, tendo sido acusado pelos Estados Unidos de espionagem e apropriação de segredos do Estado.

Ao longo do seu discurso, Snowden referiu ainda que o modelo de negócios de empresas como o Google e o Facebook “é abusivo”, mas consideram-no “legal”. “Esse é que é o verdadeiro problema, nós legalizámos o abuso [relativamente aos dados pessoais recolhidos], criámos um sistema que torna a população vulnerável para benefício dos privilegiados”, afirmou.

Snowden discursou por videoconferência, uma vez que se encontra asilado na Rússia, para onde fugiu depois de ter revelado informação confidencial e ser procurado pela justiça norte-americana.

5G vai mudar o mundo

O chairman rotativo da Huawei Guo Ping instou esta segunda-feira os programadores e startup a se juntarem à tecnológica chinesa para criar “esta nova Era inteligente” resultante da introdução do 5G (quinta geração móvel).

Sob o mote “5G+X: Creating a new era?”, Guo Ping começou por dizer que era “uma honra” estar na Web Summit e apontou que o 5G é uma oportunidade para todos. “A Huawei quer trabalhar com os programadores e startups para criar mais aplicações de 5G+”, afirmou o chairman (presidente do Conselho de Administração) da tecnológica chinesa. “Juntem-se a nós para criar esta nova Era inteligente”, sublinhou o executivo.

Considerando que o 5G está “a criar uma nova Era inteligente”, onde se inclui o big data (armazenamento de dados), a inteligência artificial (IA), Guo Ping sublinhou que o 5G “acabou de ser ativado” e já apresenta uma vasta gama de produtos que estão a dar os primeiros passos. “Acredito que o 5G+X irá criar inúmeras oportunidades para os empreendedores”, sublinhou.

“O 5G e a IA são um ponto de viragem para uma nova tecnologia“, permitindo “melhorar em todas as indústrias”, acrescentou.

Guo Ping apontou que tal como a eletricidade, a quinta geração móvel vai mudar o mundo. Salientou que até ao final do ano haverá 60 redes 5G a comercializar serviços assentes nesta tecnologia, a qual “está a crescer mais rapidamente que o esperado”.

O 5G “vai ser aplaudido pelos consumidores“, assegurou, apontando que a tecnologia não se aplica apenas ao entretenimento, mas vai muito mais além que isso, o que inclui serviços na área da saúde, entre outros.

Lisboa como “uma das cidades mais abertas” do mundo

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, disse esta segunda-feira que Lisboa será “uma cidade de empreendedores e cientistas” nos próximos três dias da Web Summit, apontando a capital portuguesa como “aberta e tolerante”.

“Vão encontrar uma das cidades mais abertas que poderão encontrar em todo o mundo”, realçou Fernando Medina, na cerimónia de abertura da cimeira de tecnologia Web Summit, em Lisboa.

O autarca discursou após o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e ao lado do cofundador e presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave. Fernando Medina apresentou Lisboa como uma cidade que “viaja através da inovação” e que uma das melhores demonstrações é a Web Summit.

Fernando Medina recordou também algumas conversas com Paddy Cosgrave, há cerca de quatro anos, quando se discutia a realização do evento em Lisboa. “Paddy juntou-se a nós e nos últimos anos criámos um enorme progresso de inovação e transformação”, referiu o autarca socialista.

Paddy Cosgrave agradece por reforço de segurança

O cofundador e presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, agradeceu na segunda-feora às forças de segurança portuguesas, que decidiram à última hora reforçar o controlo de mochilas, atrasando em cerca de 15 minutos o início da cimeira tecnológica.

“Há duas horas [as forças policiais] tomaram a decisão de começar a ver as mochilas”, reforçando o controlo de segurança, adiantou Paddy Cosgrave. “Nós respeitamos e achamos que o interesse deles é o interesse de todos vós”, acrescentou.

André Kosters / Lusa

Antes de passar a palavra a Edward Snowden, que participa como orador por videoconferência, Paddy Cosgrave pediu a todos os participantes que se levantassem e cumprimentassem duas pessoas ao seu lado. “Durante a próxima semana vamos ser todos portugueses”, sublinhou.

Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores.

A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa desde 2016, vai manter-se na capital até 2028, depois de, em novembro do ano passado, ter ficado decidida a permanência da conferência em Portugal por mais 10 anos, após uma candidatura com sucesso. O evento realiza-se em Lisboa até quinta-feira.

A quarta edição da Web Summit em Portugal vai contar com a participação de 1.206 oradores que vão intervir nos 22 palcos distribuídos pelo recinto do evento. Está também confirmada a presença de 2.526 jornalistas.

Esta terça-feira, estão previstas novidades sobre o Brexit, pela voz de Michel Barnier, o negociador-chefe União Europeia, sobre a Libra, a criptomoeda do Facebook, e sobre o 5G.

ZAP // Lusa

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10 Comments

  1. Edward Snowden que vive refugiado na Russia a falar de pessoas manipuladas, quando todos sabemos como funciona a Russia e a sua grande aposta na destabilização da democracia no Ocidente. Isto apenas prova que as pessoas não têm principios defendem quem os defende, todos apenas pensam nos seus interesses, a verdade é relativa para esta gente.

    • Terá ele a ousadia de infiltrar o sistema de Espionagem e segurança do Estado Russo ????…………… Ou o facto de ter cama e comida, neste exemplar País da Democracia, é-lhe concedido só se se deixar manipular ????….vigiados, manipulados, observados, escrutinados e vigarizados já o somos desde a muito. Não é preciso chamar-se E. Snowden, para ser-mos conscientes destes factos !………. O que falta é o poder que o Povo não tem para mudar o Sistema !

  2. e o Rui Pinto continua preso e este que fez exatamente o mesmo é convidado e aplaudido na capital do império,os mesmos que prenderam um denunciante são os mesmos elogiam outro denunciante ,a vergonha de morar num país de corruptos

  3. Sim, e? Qual é a dúvida?
    Ele não vive lá por “opção” ou porque é um país exemplar – está lá refugiado!
    E, NUNCA ninguém o viu/ouviu tecer qualquer opinião sobre a ditadura do Putin!!
    Continua a defender o seus princípios, coisa que seria bem mais “complicada” se ele continuasse nos EUA!…

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