Carlos Barroso / Lusa
O ex-líder parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), João Oliveira.
Os milhares de votos comunistas nas candidaturas dos socialistas é admitida por militantes e dirigentes do PCP, que atribuem a mudança à bipolarização, ao “ioiô” das sondagens e à dificuldade em aceitarem o chumbo do Orçamento do Estado.
Segundo o Público, a Praça do Giraldo é a Ágora de Évora. O local onde a comunidade alentejana debate os temas que por vezes separam os amigos, sobretudo quando o tema são assuntos da política caseira ou do futebol.
“É a praça de todos“, sublinha José Maurício Guerreiro, que nasceu numa aldeia dos arredores de Évora mas que cedo na vida partiu com os pais para o Montijo.
Veio à terra onde nasceu para votar e ficar uns dias. “Algo está a mudar”, observa. E esta mudança não o deixa tranquilo.
Um companheiro de conversa vai-se aproximando com um comentário bem audível. “Grande sova, hem? Tira a máscara para se fazer ouvir melhor e pergunta ao amigo Maurício, que é votante no PCP, “mas afinal que raio nos aconteceu?”
A sova era o resultado eleitoral de domingo no distrito de Évora, que se traduziu numa perda que está a custar a aceitar.
João Oliveira, cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Évora e que foi líder da bancada parlamentar, na legislatura anterior, não foi reeleito.
O anterior líder do grupo parlamentar do PCP era conhecido, sobretudo, pela sua “grande capacidade de diálogo, competência e capacidade de trabalho”.
A sua ausência da Assembleia da República é considerada uma perda difícil de superar, num contexto em que os deputados comunistas ficam reduzidos a metade.
Este facto, mesmo para um eborense que se assume como um velho e companheiro de lutas autárquicas e não só, ao lado dos comunistas, “tem um grande significado”.
E conta, a propósito, o que se passou com uma sua empregada, mulher vinda do campo, de uma vida dura e sofrida mas que nunca comentou política, embora sempre tivesse votado na CDU.
Ficou a saber, na véspera das eleições, que o sentido de voto da senhora ia mudar, com um argumento surpreendente. “Desta vez, vou votar no Costa porque não quero cá o Passos”, referiu a senhora.
O medo da direita no poder confirma a congregação de votos da área comunista na lista socialista. Acresce ainda um evidente “declínio” na força da mensagem do PCP, reforçada com “a saída da militância de uns e a morte de outros“, salienta Maurício Guerreiro, que diz estar “num plano inclinado”.
Era patente que, para muitos eleitores do universo comunista, o voto foi nos socialistas. “Mais uma vez, a engolir sapos vivos” é o comentário de um homem que vendia cautelas.
Mas para Eugénio Fialho, sentado ao seu lado, não custou nada. “Meti uma cruz no boletim [de voto] e fui almoçar.” É militante do PS. “A malta do PCP votou quase toda no Costa”, garante o socialista, no preciso instante em que passa próximo um amigo “que é 100% comunista“.
O homem das cautelas, habituado ao jogo, deixa um aviso: “A gente votou no PS mas vai cobrar. Ele [António Costa] tem de cumprir o que prometeu.”
O voto útil dos eleitores comunistas no Alentejo não é uma falácia. Raimundo Cabral, dirigente da Direção da Organização Regional de Évora (DOREV), reconheceu em entrevista ao Público no decorrer da campanha eleitoral, que ficaram “com a perceção de que corríamos o risco da não-reeleição de João Oliveira. Os sinais já tinham sido evidentes nas legislativas de 2015 e 2019″, acentua o dirigente comunista.
Durante a última campanha eleitoral, entenderam que as pessoas tinham dificuldade em entender as razões que levaram ao chumbo do Orçamento do Estado. No entanto, Raimundo Cabral refere que “grande parte do nosso eleitorado ficou esclarecida“.
O problema é que o PSD subiu “além do esperado” nas intenções de voto. E também “tem havido uma grande mudança sociológica na região”, que o PCP está a tentar interpretar.
Acresce ainda nas causas da perda de votos “a bipolarização que as sondagens alimentaram, sobretudo as televisões”, e que contribuíram para o desaire eleitoral do PCP no Alentejo, onde o partido só conseguiu eleger um deputado em Beja.
No entanto, se o PSD concorresse coligado com o CDS-PP, o PCP não elegeria João Dias, que durante a campanha eleitoral fez questão de alertar para os riscos de uma provável subida na votação social-democrata, admitindo que “a eleição do deputado do PCP por Beja não eram favas contadas”.
O PSD registou uma subida percentual (13,29% em 2019 e 15,94% em 2022), mas não foi suficiente para derrubar a candidatura comunista, que registou uma descida na votação (22,80% em 2019 e 18,42% em 2022).
A dimensão do desastre eleitoral dos comunistas observa-se ainda na perda eleitoral dos derradeiros bastiões (Avis e Serpa), onde ainda conseguia manter a maioria em eleições legislativas. E também no número de freguesias.
Num território onde nas eleições legislativas de 1979 obteve 50,69% dos votos e três mandatos, resume-se agora à maioria nas freguesias de Baleizão, Pias, S. João dos Caldeireiros e Luzianes-Gare, no distrito de Beja, e nas freguesias de Aldeia Velha e União de Freguesias de Alcórrega e Maranhão, no distrito de Portalegre.
Das 230 freguesias distribuídas pelos distritos de Portalegre, Évora, Beja e litoral alentejano, o PS obteve a maioria em 221 freguesias.
O PSD ficou à frente da CDU em 103 freguesias e o Chega em 11 (cinco em Elvas, dois em Monforte, um em Portalegre, dois em Moura e um em Beja).
Raimundo Cabral diz que o PCP “não se dá por vencido”. Um partido “com mais de um século de existência adquiriu experiência suficiente para resistir às adversidades”, concluiu o dirigente comunista.
Acrescentou ainda que o comité central se reuniu esta terça-feira, para analisar os resultados eleitorais e definir as tarefas para os próximos tempos.
Entristece-me o que aconteceu ao PCP, umm partido histórico que apesar de tudo defende as causas sociais como mais nenhum outro. Contudo, perante o que estava em causa os eleitores quiseram jogar pelo seguro e isto compreende-se. Seria desejável, no entanto, que o PS continuasse a dialogar com o PCP e não se apropriasse de todos os votos que lhe conferiram a maioria absoluta.
Comunistas defendem causas sociais? Essa é nova! Aonde? Aponte um só país onde tenha essa gente governado e no qual tenham algo próximo daquilo a que pode classificar de digno, democrático e livre? Ah pois.
Caro José creio que anda desactualizado nas suas informações. Passes de transportes mais económicos, livros gratuitos, iniciativas para redução de preços na electricidade, não são causas sociais dignas livres e democráticas? Não me diga que apoia (sem o seu consentimento) dinheiro a fundo perdido na TAP e Novo Banco? Em Offshores sabe-se lá de onde? Informe-se um pouco, para bem de todos os portugueses, que continuam a pagar pelos erros de quem nos governa.
Nestas eleições valeu tudo desde noticias colocadas nas redes sociais(facebook) no dia das eleições a aconselhar a não votar no PSD em que aparecia o Passos Coelho.
PCP e BE foram vitimas dos seus próprios extremismos, têm é dificuldade em perceber isso, e por conseguinte continuam na mesma onda intitulando-se protetores contra regimes como o Salazarismo, Nazismo, Colonialismo etc….tudo coisas do passado, esquecendo-se que hoje ainda existe Venezuela, Cuba, China, Rússia etc..países que defendem os mesmos ideais do PCP e BE.
Ahahahaaa… deve ser piada, porque ninguém é assim tão ignorante!…
Então a Rússia, que tem um ditador de extrema-direita defende os mesmo ideiais do PCP e do BE?!
Em Portugal, o partido mais parecido com o de Putin é o Chega!
E, quando é que o BE defendeu as ditaduras da China, Cuba ou a Venezuela?!
Andas mesmo distraído…
Nem mais!
Joe vc confunde tudo, porque mete tudo no mesmo saco. 1º se esses dois partidos foram vítimas do seu extremismo o que dizer do Chega que está contra o sistema ? 2º vc desconhece que a qualquer momento podemos voltar a ter um regime totalitário encapotado. 3º mistura Cuba com a China em que um está sobre “controle” americano, enquanto o outro foi só o país que mais se desenvolveu mundialmente. Já a Rússia, é uma das ditaduras encapotadas. E para terminar, como a sua análise é muito “bem feita” explique-me a queda do PAN. Será que também é extremista ?
Estou convencido que se voltassem a fazer eleições no próximo fim-de-semana, os resultados seriam praticamente o oposto destes. Mas é apenas pelo que vou ouvindo por aí…
O PCP ainda não percebeu que o seu discurso (comunicação) está ultrapassado e poucos se identificam nele. Operários e camponeses é coisa do passado. Agora todos vão de carro para o trabalho e para os Centros Comerciais e votam no CHEGA. Se o PCP pensa que algum pequeno empresário vota neles, está completamente enganado, pois é tudo malta que vota no PSD e na IL pois querem é continuar a fugir aos impostos, a não respeitar as leis laborais e enganar a Segurança Social… Depois na Comunicação Social, os comentadores é tudo anticomunista… É a tal mudança sociológica que o PCP ainda não percebeu!
Quando dois partidos – BE e PCP – por gabarolice chumbam um OE que, não sendo bom, não era completamente mau, e forçam eleições que poderiam ter recompensado a direita – e permitiram a subida do Chega -, não se podem surpreender com a tremenda perda de mandatos com que foram punidos. Será que irão alguma vez perceber o disparate que fizeram? Fica-se a meditar em qual será o valor do QI dos dirigentes dos dois partidos…
Não tivesse o passos deixado dinheiro nos cofres e dívidas da troika pagas que o Costa nunca tinha feito o assalto ao poder.
O pais esta hoje mais endividado, o Orçamento de estado contempla hoje mais receitas de imposto do que no tempo do Passos e o que me surpreende ninguém perceber que se o orçamento tem mais receitas de impostos é porque se paga mais impostos!!!
De que serve ganhar mais 50 euros de salário se depois pagamos mas 30 euros em compras essências, mais 30 euros em combustível, mais 5 euros em electricidade, etc …
Será que é por isso que o Costa e o seu governo desceu o nível da educação? Quanto menos perceberem de matemática melhor para enganar o povo!
Se vai cantar louvores a Passos Coelho por Portugal ter pago as dividas no tempo da troika, responsabilize-o também por tudo o que foi destruído durante esse tempo.
Amigo, se você ficar sem dinheiro e endividado e sem meios de ter rendimentos, também vai ter de reduzir o seu estilo de vida para pagar o que deve.
Eu responsabilizo quem pede empréstimos para construir obras massivas de nada servem e só ajudam os amigos a enriquecer enquanto o resto fica a pagar por essas mesmas dívidas.
Só mesmo por curiosidade: A que «obras massivas de nada servem e só ajudam os amigos a enriquecer» se refere?
Ora vamos lá ver, o Aeroporto que ainda não se sabe bem onde vai ficar, mas já se gastou uma pasta em estudos, feitos por quem ?!!
Entre o Eng. e o Costa, o dinheiro que se gastou no aeroporto e TGV dava para pagar muitas dividas.
Diga-me lá para que servem estes mega projectos, o povo português tem mesmo necessidade de pagar 4 vezes mais para fazer Porto-Lisboa em menos 30 minutos do que o actual pendular ? Ou será que existem amigos a quem se quer dar a concessão da obra publica.
E que tal a mega-fábrica de hidrogénio? Vai dar cá um jeito ao povo português, já me estou a imaginar a abastecer um carro com o hidrogénio mais barato da Europa, mais barato sem Iva porque quando vir a factura com os impostos incluídos, nem queira saber … e já agora, acha mesmo que os carros a hidrogénio vão conseguir ganhar terreno em relação aos carros eléctricos?
Mas sim, alguém vai ganhar muito dinheiro.
“Não tivesse o passos deixado dinheiro nos cofres e dívidas da troika pagas…”
O Passos deixou o quê??!
Hahahahaaa…a bebida devia estar estragada para te dar esses delírios!…
Exactamente, mas para alguns é difícil perceber que estávamos na pré-bancarrota e eramos alvo de chacota internacional. Apesar de não ser grande simpatizante do governo de Passos Coelho tenho de reconhecer que não pode mostrar de facto o que valia, pois, caso contrário, o país cairia numa ruína da qual dificilmente sairíamos. Assim, pagamos todos nós os portugueses, pelas brutais asneiras do PS. O problema é que os portugueses, como a restante Humanidade está a perder qualidades, a inteligência e capacidade de análise mas duas elas.
Porque será que toda a gente já esqueceu que foi um governo do PS que nos levou à banca rota ?
Será que o demonio foi mesmo o Passo Coelho ??? Já toda a gente se esqueceu do Zé?????
Claro que já se esqueceram! Um povo embrutecido é terreno excelente para os demagogos e oportunistas de toda a espécie. Note que muitos dos que fazem desinformação são meros “relógios de repetição” dos respectivos donos. Ganharam e ganham muito com a estupidez dominante nas sociedades. Quanto mais ignorantes melhor. Nunca se viu tanta gente como diplomas que nem sequer sabem apontar o seu próprio país num mapa. É o que temos. Só espero não viver muito tempo para assistir à completa degradação e dignidade da espécie Humana, já começa a ser difícil de suportar. tanto obscurantismo e tanta estupidez junta.
Outro Ventura que nem sabe para que lado é o Norte!…
Aposto que “antigamente é que era”!
Povo embrutecido vitima de “relógios de repetição” dos respetivos donos é o que comentários como o seu, esperam. Felizmente muitos de nós, os outros, temos memória.
A situação em que Portugal esteve e que obrigou à intervenção da Troika, foi resultado de uma conjuntura internacional muito mais vasta que o mero «governo do PS» ou o «Zé».
Tanto quanto me recordo, a Troika teve que intervir em 5 países e PS (ou o Zé) não os governava todos.
Além dos países em que a Troika interveio de facto, ficaram mais alguns à porta da intervenção, como, por exemplo, a Itália.
Era o PS ou o «Zé» que governavam todos estes países? Seja sério!
este joão ferreira enganou-se na profissão já que tocou muito bem violino na assembleia da republica devia ter ido para músico