Calculando a distribuição de mandatos segundo o método de Hondt, os dois partidos juntos poderiam “roubar” um deputado que foi atribuído ao PS em Bragança, Vila Real, Coimbra, Leiria e Portalegre e um mandato no Porto que foi atribuído ao Chega.
As contas dependem de um “se”, mas se o CDS tivesse concorrido coligado com o PSD e conseguissem obter a soma dos votos que registaram em separado no domingo, o PS não chegaria à maioria absoluta.
Segundo o Público, os dois partidos de direita teriam conseguido mais cinco deputados do que os 71 que o PSD elegeu.
A conta do PS seria de 112 em vez de 117, numa altura em que ainda falta o apuramento dos votos nos dois círculos da emigração que representam quatro deputados. Em 2019, estes dois círculos foram divididos a meias entre o PS e o PSD.
De acordo com a aplicação do método de Hondt na conversão de votos em mandatos, a coligação do PSD/CDS ganharia um deputado nos círculos de Bragança, de Vila Real, de Coimbra, de Leiria e de Portalegre.
E conseguiria ficar com o mandato que foi atribuído ao Chega no distrito do Porto, o último deputado da lista ordenada de 40 que o círculo elege.
Bragança
O melhor exemplo é Bragança, onde o Partido Socialista ficou à frente do Partido Social Democrata por apenas 15 votos.
Os 26.480 votos do PSD somados aos 1.368 do CDS permitiriam ultrapassar os 26.495 dos socialistas. A atribuição de mandatos passaria a ser favorável à direita: dois para o PSD, um para o PS.
Vila Real
Aplicados os mesmos cálculos em Vila Real, o cenário também se invertia. Seriam três deputados para PSD/CDS e dois para o PS.
Coimbra
Em Coimbra, os socialistas elegiam apenas cinco deputados e o PSD passaria de três para quatro.
Leiria
Em Leiria, os papéis também se trocavam, com a direita a sair vencedora com cinco mandatos e os socialistas com quatro.
Portalegre
O último caso seria Portalegre, o distrito menos representado no Parlamento, com apenas dois deputados e onde o PS conseguiu o pleno ao obter mais do dobro (25.271) dos votos do PSD (12.432).
Mas, se a estes últimos se juntassem os 635 do CDS, a direita já conseguia eleger um deputado e o PS ficava com o outro.
Nos restantes círculos eleitorais não haveria alterações, apesar desse novo cálculo, e as regiões autónomas dos Açores e da Madeira não são abrangidas porque em ambas os dois partidos concorreram coligados.
No continente isso não aconteceu porque, apesar de Rui Rio ser a favor de uma corrida conjunta, a maioria dos membros da comissão política nacional foi contra um entendimento pré-eleitoral para as legislativas, e o assunto nem chegou a ser levado ao conselho nacional, o órgão com competência para ratificar tal decisão.
Rio considerava que a coligação podia permitir estancar o crescimento do Chega, que poderia ir buscar eleitorado ao CDS, e beneficiar da história que os dois partidos têm juntos em corridas eleitorais e em executivos.
Até nisto esta dupla foi lerda. Enfim, uma tristeza. O que vale é que vão os dois embora. Não deixarão saudades. Em comum, parece terem a profissão: coveiros.
Dificil?