“Vitimização infantil” e um “idiota útil” para o Governo cair. PSD à beira de uma guerra civil

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Carlos Eduardo Reis / Facebook

Deputado Carlos Eduardo Reis

A ala rioísta acredita que o PSD está a fazer do deputado Carlos Eduardo Reis um bode expiatório por não ser um apoiante de Montenegro. Por sua vez, a direcção acusa os opositores de se fazerem de vítima.

As suspeitas de corrupção que recaiem sobre vários rostos do PSD no âmbito da Operação Tutti-Frutti ameaçam mergulhar o partido numa guerra civil. As velhas fracturas dentro do partido estão novamente à vista, com a ala rioísta a trocar acusações com a direcção de Luís Montenegro.

Um dos principais alvos do processo é Carlos Eduardo Reis, deputado social-democrata próximo de Rui Rio e que também dirigiu a campanha de Jorge Moreira da Silva na corrida contra Montenegro.

A sua antipatia com a actual direcção faz com que o seu afastamento seja como matar dois coelhos com uma cajadada para Montenegro, que mostraria ter uma postura dura perante suspeitas de corrupção e ao mesmo tempo eliminaria um adversário interno. No Twitter, o líder do PSD deixou claro que “impossível pactuar com a corrupção da democracia” e que importa “tirar consequências”.

Esta atitude da direcção não agrada aos rioístas, que não concordam com o isolamento de Carlos Eduardo Reis. De acordo com o Observador, a tensão entre as duas facções ficou clara durante uma reunião da bancada parlamentar, em que 20 deputados próximos de Rio criticaram a falta de apoio por parte do líder da bancada, Joaquim Miranda Sarmento.

O próprio Carlos Eduardo Reis liderou a investida, tendo até dito que não está disponível para “ser o idiota útil e muito menos sangrado na comunicação social porque dá jeito tirar dois ministros do Governo para haver eleições antecipadas”, referindo-se às suspeitas em torno de Fernando Medina e Duarte Cordeiro.

A ala rioísta também lembrou que Montenegro não deve atirar pedras quando tem telhados de vidro, dada a sua proximidade à autarquia de Espinho, que é a protagonista da Operação Vórtex, e também por causa das questões levantadas em torno da sua casa de seis andares na cidade.

O ex-líder da bancada parlamentar e grande aliado de Montenegro, Joaquim Pinto Moreira, é um dos protagonistas da Operação Vórtex devido a suspeitas de corrupção quando era Presidente da Câmara de Espinho — mas só deixou o Parlamento quando foi constituído arguido.

Os rioístas apontam a diferença de tratamento que Carlos Eduardo Reis está a receber, visto que nem sequer foi constituído arguido, e lembram ainda que o actual vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, também foi referido na investigação da TVI à Operação Tutti-Frutti.

Os objectivos da ala rioísta são exigir o apoio da actual direcção e proteger Carlos Eduardo Reis, que é um dos principais rostos do aparelho do partido e por quem deve passar a construção de uma alternativa a Montenegro.

Do lado de Montenegro, há muita confusão, com os seus apoiantes a rejeitar que Carlos Eduardo Reis tenha sido tornado um bode expiatório, como acusam os rioístas, tal como não o foram Luís Newton, presidente da junta de Freguesia da Estrela e da concelhia do PSD/Lisboa, e Sérgio Azevedo, ex-deputado e figura central da operação. A direcção considera mesmo que toda esta discussão não passa de uma tentativa de “vitimização infantil” por parte dos opositores internos.

Por enquanto, a palavra de ordem nas chefias do partido é calma. Montenegro prefere esperar pelo desenrolar da investigação, até porque é provável que não haja grandes desenvolvimentos, dado que o processo se arrasta há seis anos e muitos dos suspeitos nunca foram constituídos arguidos ou sequer interrogados.

Esta mesma ideia foi transmitida pelo secretário-geral do PSD, Hugo Soares, que lembra que o processo dura “há cinco ou seis anos” e que “deve ter uma conclusão para se saber verdadeiramente quais são as imputações e os responsáveis daquelas condutas”.

Adriana Peixoto, ZAP //

9 Comments

  1. Quando tocamos laranjas calam ! Não esquecer que uma grande fatia televisiva e não só, pertence ao Balsemão e os amigos têm de ser protegidos , e os favores da Câmara de Espinho vão ser apagados , ou seja está tudo muito Negro !!!

  2. Este é o partido da alternância? É um aglomerado de inúteis, sem projeto e apenas querem ir com as mãos ao pote.

  3. Doa a quem doer, há que limpar.
    Quem não deve não teme. As fugas para a frente e a vitimização não são defesa, são subterfúgios.
    Os partidos têm de se libertar dos oportunistas, se querem sobreviver.

  4. Depois do PR Cavaco Silva e do 1.º ministro-eleito Passos Coelho perderem o controle do «golpe» lançado pelo novo líder do PS, António Costa (PS), Portugal entrou numa via política puramente populista com o apoio do BE e do PCP e a guerra da Rússia contra a Ucrânia, onde Portugal tem tido papel mínimo mas serviu-lhe para varrer para debaixo do tapete a gravíssima crise sócio-económica em curso… à qual o PSD, desde o tempo de Rui Rio e Pacheco Pereira deixaram o PS tomar conta do país … e, entretanto, chegava ao topo do PSD com dirigentes inexistentes como o actual especulador imobiliário lá do norte, um tal de Montenegro que nunca chegará a lado nenhum e tirou ao PR qualquer poder que este ainda pudesse ter!!!

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