Arqueólogos descobriram em Cambridge, no Reino Unido, evidências que mostram que nem todas as vítimas da peste foram enterradas em valas comuns.
Quando a Peste Negra devastou a Europa, em meados do século XIV, matou cerca de metade da população de forma tão rápida que as pessoas tiveram de ser enterradas em valas comuns. Pelo menos é essa a história que os vestígios arqueológicos nos contam.
Mas agora, conta o site Science Alert, investigadores descobriram novas evidências que sugerem que os enterros em massa são apenas um lado da história. Pelos vistos, algumas vítimas foram colocadas nos seus próprios túmulos com grande cuidado.
A equipa por detrás deste novo estudo, da Universidade de Cambridge, recolheu amostras de quase 200 sepulturas de cinco cemitérios em Cambridge e dos arredores e detetou ADN antigo da bactéria Yersinia pestis, que causa a doença, nos dentes de algumas vítimas mortais que foram enterradas sozinhas.
“Esta investigação melhora muito a nossa compreensão da peste e mostra que, mesmo em tempos incrivelmente traumáticos, as pessoas tentaram arduamente enterrar os falecidos com o máximo de cuidado possível”, disse o arqueólogo Craig Cessford, autor principal do estudo publicado, a 17 de junho, na revista científica European Journal of Archaeology.
O investigador destaca que pelo menos três destas pessoas foram enterradas num convento, na chamada Sala do Capítulo, e uma quarta também foi cuidadosamente sepultada numa igreja próxima.
“A Sala do Capítulo tinha um piso coberto de ladrilhos argamassados. Dezenas de ladrilhos tiveram de ser levantados cuidadosamente antes de o túmulo ser lá colocado e reintegrado ou substituído por uma laje de sepultura mais tarde”, escrevem os cientistas.
A equipa considera que esta descoberta pode ser o início de uma grande mudança na nossa compreensão arqueológica das sociedades que enfrentaram graves epidemias.
“Se cemitérios de emergência e enterros em massa são atípicos, com a maioria das vítimas da peste a ter direito a um enterro individual em cemitérios normais, isso põe em questão o quão representativos esses locais excecionais são”, concluiu.