Estão a ser discutidas propostas de modelos de indemnização das vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja Católica inspirados nos exemplos de França ou da Bélgica.
De acordo com o Expresso, estão em curso estudos sobre possíveis modelos de indemnização para as vítimas de abusos sexuais na Igreja, inspirados em exemplos de países como França, Alemanha e Bélgica.
Estas propostas deverão ser apresentadas no primeiro semestre do próximo ano, seguindo um pedido da Conferência Episcopal Portuguesa. As discussões sugerem que as indemnizações em Portugal poderiam variar entre 10 mil e 90 mil euros, dependendo da gravidade dos casos, numa média aproximada de 20 mil a 50 mil por pessoa.
A Igreja portuguesa procura evitar os erros cometidos em nações como o Chile e os Estados Unidos, onde as consequências dos abusos levaram a processos judiciais extensos e indemnizações financeiras avultadas.
No entanto, ainda há resistência interna quanto à ideia de tratar estas questões publicamente. Algumas vítimas, por sua vez, preferem um pedido de desculpas ou a remoção dos abusadores do que compensação monetária.
A questão das indemnizações para as vítimas de abusos cometidos por padres tem sido um tópico de debate intenso em Portugal. 10 meses após o impactante relatório da Comissão Independente liderada por Pedro Strecht, e seis meses após a criação do Grupo Vita, coordenado pela psicóloga Rute Agulhas, a questão continua sem uma solução definida.
A complexidade do assunto foi destacada recentemente pelo bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, numa conferência de imprensa em Lisboa, onde frisou que a reparação às vítimas não pode ser simplificada numa “tabela de preços“.
Recentemente, o Grupo Vita encaminhou 16 denúncias de abusos cometidos por padres à Procuradoria-Geral da República e Polícia Judiciária, além de 45 queixas às estruturas eclesiásticas. Alguns padres suspeitos já foram suspensos preventivamente, e mais dados sobre estas suspensões deverão ser divulgados em breve.
A Associação Coração Silenciado, que representa as vítimas de abusos, deve reunir-se com membros da Igreja em janeiro. A iniciativa é um passo importante no reconhecimento dos danos sofridos pelas vítimas e na busca de soluções justas e eficazes para o problema.