O génio renascentista Leonardo da Vinci, que morreu há 500 anos, poderá ter sofrido de Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade, doença que pode explicar a sua incapacidade de terminar projetos.
Esta é a conclusão de um novo estudo, cujos resultados foram esta quinta-feira publicados na revista científica especializada Brain.
Além de ser uma possível explicação para o adiamento de ações do artista e inventor, a Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade pode ainda justificar a sua criatividade, segundo o investigador Marco Catani, do King’s College London, no Reino Unido.
“Estou convencido de que a Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade é a hipótese mais plausível para explicar a dificuldade de Leonardo em acabar os projetos”, afirmou, citado em comunicado pela instituição britânica.
De acordo com o investigador, “registos históricos revelam que Leonardo passava imenso tempo a planear projetos, mas tinha falta de perseverança“.
A Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade é uma perturbação do comportamento que se caracteriza, nomeadamente, por incapacidade em terminar tarefas, dispersão de pensamento e inquietação. Apesar de a doença estar identificada em crianças, o seu diagnóstico tem vindo a aumentar entre os adultos, incluindo estudantes universitários e pessoas com carreiras de sucesso, refere o comunicado do King’s College London.
Catani espera que o legado de Da Vinci possa mudar o estigma associado à Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade. “O caso de Leonardo mostra que a Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade não está ligada a um Quociente de Inteligência baixo ou à falta de criatividade, mas à dificuldade em capitalizar talentos naturais”.
Uma outra publicação, divulgada no início de maio na revista académica da Real Sociedade de Medicina Britânica, sugeria que o pintor pode ter sofrido uma paralisia na mão após um acidente, o que o teria impedido de concluir algumas das suas obras, como Mona Lisa.
A alegação foi feita pelos médicos italianos, Davide Lazzeri e Carlo Rossi, que analisaram a representação da mão direita de Da Vinci em duas obras de arte. Pelas imagens, os especialistas diagnosticaram paralisia ulnar, ou “mão em garra“, e sugeriram que o estado da mão do artista pode ter sido causado por um desmaio.
Leonardo da Vinci, inventor, artista, engenheiro mecânico e cientista multifacetado italiano, morreu em 02 de maio de 1519, em Amboise, França, aos 67 anos.
ZAP // Lusa