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Vício em videojogos já é “perturbação mental”

Steven Andrew / Flickr

A Organização Mundial de Saúde reconheceu na segunda-feira o vício em jogos de vídeo e online como uma perturbação de saúde mental. Os gamers dormem pouco, saltam refeições e faltam ao trabalho.

Para os peritos de classificação de doenças da OMS, uma perturbação é “um padrão de comportamento persistente e recorrente de jogo”, que se torna tão abrangente que “ganha prevalência sobre outros interesses da vida, de acordo com a Renascença.

Em situações mais extremadas, os amantes de videojogos e jogos online passam cerca de 20 horas por dia “agarrados à consola ou ao computador, refere Shekhar Saxena, especialista da OMS em saúde mental e abuso de substâncias.

Os gamers dormem muito pouco, saltam refeições e faltam ao trabalho e a outras atividades quotidianas. Apenas uma pequena minoria dos jogadores desenvolve este problema, explica Shekhar Saxena, mas a deteção precoce dos sintomas pode ajudar a prevenir que a situação se agrave.

“Trata-se de um comportamento ocasional e transitório”, refere o especialista, para quem o distúrbio só deve ser confirmado se o comportamento de adição extrema em videojogos persistir durante cerca de um ano.

O novo diagnóstico foi proposto por Vladimir Poznyak, membro do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS. “Não estou a criar um precedente”, disse à CNN, explicando que a organização seguiu “as tendências, os desenvolvimentos que ocorreram nas populações e no campo profissional”.

A maior parte das intervenções e tratamentos para a perturbação causado pelos videojogos são “baseadas em princípios e métodos de terapia comportamental e cognitiva”. Os diferentes apoios passam por “intervenções psicológicas: apoio social, compreensão da condição e apoio da família”.

A OMS anunciou a classificação da dependência em videojogos na 11.ª edição do relatório “Classificação Internacional de Doenças”.

“É um pouco permaturo”, diz Anthony Bean

No entanto, nem todos os psicólogos chegaram concordaram com a classificação. Anthony Bean diz que “é um pouco prematuro rotular os videojogos como um diagnóstico. Sou clínico e investigador e, por isso, vejo pessoas que jogam e acreditam estar viciados”.

Segundo Bean, as pessoas recorrem aos videojogos “como um mecanismo para lidar com a ansiedade ou com a depressão.” O psicólogo acrescenta ainda que os critérios usados pela OMS são “demasiado vagos” por isso, diagnosticar uma pessoa com essa doença seria baseado numa “experiência muito subjetiva”.

“Não é boa ideia segui com este diagnóstico porque abre portas para que qualquer coisa seja identificada como doença”, concluiu.

A OMS espera que a inclusão desta a perturbação possa estimular o debate e a pesquisa mais aprofundada, bem como a colaboração internacional.

Já em 2017, a “New Scientist” avançava que o vício por videojogos deveria ser incluído pela primeira vez na edição de 2018 do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

ZAP //

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