Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério de Saúde, cujos quadros viajaram para a China e EUA pagos por privados, emitiu um comunicado a criticar jornais e a ameaçar recorrer à ERC.
Passaram seis dias desde que o Expresso denunciou as viagens pagas pela NOS às instalações da Huawei, na China. Nessa deslocação, terão participado cinco quadros dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Passaram-se também quatro dias desde que o Observador denunciou viagens à Oracle, nos Estados Unidos.
Agora, o presidente dos SPMS, Henrique Martins, reagiu às notícias que têm saído sobre o assunto e, em declarações à TSF, disse que as notícias de viagens pagas pela NOS são “manipulação da opinião pública” e admite pedir à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) para analisar as notícias.
Além disso, Henrique Martins emitiu também um comunicado, no qual faz saber que “repudia o tratamento adotado por alguns órgãos de comunicação social”. O comunicado do conselho de administração dos SPMS foi colocado no site na quinta-feira, seis dias depois de o Ministério da Saúde ter pedido um inquérito à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e já depois de os visados pelas notícias terem posto o seu lugar à disposição.
No texto que, de acordo com o Observador, não foi autorizado pelo Ministério da Saúde, a administração dos SPMS fala em “inexatidão e falta de veracidade da informação” e afirma ainda que, alegadamente, não foi permitido “o direito ao contraditório”.
Henrique Martins revelou também à TSF em declarações não gravadas, não entender o porquê de se falar tanto nos SPMS quando já se sabe que “altos dirigentes de outras entidades públicas relevantes, de diversos ministérios, foram em viagens semelhantes”.
Os SPMS falam numa “assimetria” de tratamento ou “falta de isenção” pelos media e o seu presidente defende que não faz qualquer sentido comparar estas viagens às dos secretários de Estado para ver os jogos do Euro 2016 a França.
A central de compras da saúde para o setor público alerta mesmo para “manipulação da opinião pública com base em notícias que nem sempre correspondem à verdade“, passando “a ideia que tais praticas só ocorreram com colaboradores desta empresa”.
No comunicado publicado no site do organismo, o presidente dos SPMS admite mesmo que os órgãos de comunicação social deram mais relevância às viagens dos SPMS do que as viagens de outros quadros públicos.
“É do conhecimento público que ao longo dos últimos anos houve outros ministérios e entidades públicas a participar nestas representações institucionais cuja identificação dos seus participantes não está a ter igual tratamento nos órgãos de comunicação social”.
E acusa ainda: “A empresa considera que existe falta de isenção jornalística na seleção dos dados e nomes apresentados, uma vez que, como é do conhecimento público, estas comitivas, ao longo dos anos, integravam altos dirigentes e dirigentes de diversos ministérios, entidades públicas e privadas, cuja informação é pública e pode ser consultada on-line. Mais uma vez, passando-se a ideia na opinião pública que tais praticas só ocorreram com colaboradores desta empresa com intuitos que desconhecemos. Algumas das notícias são lesivas por conterem ataques ao bom nome da instituição e dos seus quadros”.
No entanto, Henrique Martins, pretende resolver o problema adotando um caminho semelhante ao escolhido pela Infarmed e publicando no site dos SPMS uma “lista pública com apoios de empresas patrocinadoras“.
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