Ventura foi para a Madeira durante a JMJ para fugir do Papa. Nem todos no Chega gostaram

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Tiago Petinga / LUSA

André Ventura durante debate na Assembleia da República

André Ventura, que é um crítico das posições mais progressistas do Papa Francisco, escolheu ir para a Madeira durante a Jornada Mundial da Juventude.

André Ventura foi um dos ausentes mais presentes na Jornada Mundial da Juventude. O líder do Chega, que afirmou que Deus lhe confiou a missão de “transformar Portugal”, não participou no grande evento da Igreja Católica em Portugal nem conheceu o Papa. Em vez disso, Ventura escolheu ir fazer campanha para a Madeira, gerando especulações e dúvidas entre os membros do seu partido e eleitores.

Apesar de ser um crítico direto do Papa Francisco, Ventura garante ao Observador que esteve presente no Parque Tejo, não como líder do partido, mas como crente. Esta decisão terá tido motivações políticas, já que a ala mais conservadora do Chega considera que o Papa é demasiado progressista.

A ausência de Ventura pode, portanto, ter sido uma tentativa de piscar o olho a este eleitorado. No entanto, outros membros do partido estiveram presentes na cerimónia de encerramento — com destaque especial para Pedro dos Santos Frazão, vice-presidente e deputado, e Rita Matias, também deputada e representante da juventude do partido.

“André Ventura e outras pessoas do partido fizeram críticas sobre determinadas questões e posicionamentos, mas apesar de o Papa Francisco poder não ser o favorito dos membros do partido é o representante da Igreja e não era por isso que íamos deixar de ir”, justifica um dirigente do Chega.

Apesar de Ventura não ter adiantado publicamente as razões que o levaram a não estar em Lisboa, deixou uma mensagem ao núcleo duro do partido: “Um Papa que recebe ditadores comunistas [uma referência a Lula da Silva] e recusa receber líderes de direita [Francisco não quis receber Matteo Salvini] não merece muito o nosso compromisso.”

Mas nem todos ficaram agradados com a ausência de Ventura. “Gostaria que tivesse estado presente. Não percebi o porquê de não ter estado. Mas suponho que haja uma razão política ou pessoal”, afirma uma fonte próxima do presidente do Chega.

No entanto, um dirigente garante que “o eleitorado não tem razão para ficar desiludido com a ausência”. “O partido, em termos de substância, e no que toca à posição de católicos, está sempre alinhado com a Igreja”, pelo que a ausência de Ventura não deve ter sido prejudicial.

ZAP //

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