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Venezuela avisa embaixadora da UE: portuguesa tem 72 horas para abandonar o país

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Miguel Gutierrez / EPA

Isabel Brilhante Pedrosa

Isabel Brilhante Pedrosa, embaixadora da União Europeia, foi declarada persona non grata pelo Governo venezuelano e deverá abandonar o país.

O Governo venezuelano notificou, esta quarta-feira, a embaixadora da União Europeia (UE), a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, de que foi declarada persona non grata e deverá abandonar o país nas próximas 72 horas.

A notificação foi feita pelo ministro venezuelano de Relações Externas, Jorge Arreaza, durante um encontro em Caracas.

“As circunstâncias não deixam opção (…). A República da Venezuela é irrevogavelmente livre e independente”, disse, em declarações à televisão estatal venezuelana.

Arreaza afirmou que “hoje, por decisão do Presidente da República”, Nicolás Maduro, o Governo entregou “à senhora Isabel Brilhante, que nos últimos anos foi chefe da delegação da União Europeia na Venezuela, a declaração como persona non grata”.

Damos-lhe um prazo de 72 horas para que abandone o território venezuelano”, acrescentou.

O parlamento venezuelano, de maioria “chavista”, aprovou na terça-feira, por unanimidade, uma resolução pedindo ao Governo do Presidente Nicolás Maduro que declare persona non grata a embaixadora Isabel Brilhante Pedrosa.

A aprovação teve lugar a pedido do presidente do parlamento, Jorge Rodríguez, depois de a UE adicionar 19 pessoas à lista de sanções contra personalidades do Governo venezuelano, uma decisão que Caracas diz ser “errática” e atribui ao “fracasso dos planos intervencionistas” europeus.

“Levanto as minhas duas mãos para pedir que se declare a representante da UE persona non grata. Levanto as minhas duas mãos para apelar a que se revejam as condições em que existe um escritório [de representação] da União Europeia aqui na Venezuela” disse Jorge Rodríguez.

O presidente do parlamento disse ainda levantar as suas duas mãos “para condenar uma ação contra venezuelanas e venezuelanos, sanções que são contra a soberania da Venezuela” e contra “seres humanos dignos, leais à pátria de Bolívar (Simón)”.

Guaidó solidário com embaixadora

O ex-presidente do Parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, solidarizou-se com a embaixadora da União Europeia. “Solidarizamo-nos com a embaixada da UE em Caracas, que sempre demonstrou o seu apoio na defesa dos Direitos Humanos e da democracia na Venezuela, em nome da Europa”, escreveu na sua conta do Twitter.

O principal opositor do regime afirmou ainda que “a soberba do ditador, perante o fracasso da fraude” das eleições legislativas, “isola-o mais do mundo e pretende arrastar o país com ele”, numa alusão ao Presidente da Venezuela.

Esta é a segunda vez que a Venezuela declara a diplomata Isabel Brilhante Pedrosa persona non grata. Em 29 de maio de 2020, o Presidente Nicolás Maduro ordenou a sua expulsão, dando-lhe 72 horas para abandonar o país, uma decisão tomada poucas horas depois de Bruxelas ter sancionado mais 11 funcionários de Caracas.

A 2 de julho, Maduro saudou um acordo entre Bruxelas e Caracas para suspender a expulsão da diplomata e instou a UE a mudar a relação com o Estado sul-americano.

A UE adicionou, na segunda-feira, 19 pessoas à lista de sanções que visam personalidades do regime venezuelano, devido ao seu “papel em atos e decisões que minam a democracia e o Estado de Direito” no país.

A decisão prende-se com as eleições legislativas que tiveram lugar em dezembro de 2020 na Venezuela e que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE se recusaram a reconhecer como “credíveis, inclusivas e transparentes”.

Com o acrescento destes 19 indivíduos, o pacote de sanções contra a Venezuela visa agora um total de 55 personalidades, que estão proibidas de viajar para a Europa e têm os seus bens congelados no espaço europeu.

ZAP // Lusa

13 Comments

  1. A Venezuela é um estado soberano cujas questões internas apenas aos venezuelanos dizem respeito. Por muito que se critique o governo venezuelano, o facto é que ele tem mostrado preocupar-se com os mais pobres de uma maneira como nunca tinha acontecido antes de Chavez assumir a Presidência da Venezuela. Quem protesta na Venezuela é sobretudo quem se habituou a viver à custa da exploração dos mais fracos, e que não consgue habituar-se à ideia de que é com o dinheiro dos seus impostos que se pode lutar contra a pobreza, a falta de assistência médica e a falta de acesso à educação. A União Europeia, que se está nas tintas para o sofrimento dos mais pobres na Venezuela, só ficará contente quando os exploradores voltarem ao poder. Vergonha!

    • Olha estas rotundamente enganado, eu vivi toda a minha vida na Venezuela e posso dizer-te que em menos de 20 anos a Venezuela passou de um Dubai de sul América a um Haiti.
      Por isso nao fales daquilo que não sabes porque eles os chavistas sao muinto ilusionistas e fazem crer ao mundo que se vive bem, quando na realidade padece-se de fome e miseria como nenhum Europeu jamais imaginou.

      • O Dubai é uma ditadura manhosa onde há escravatura e onde um homem e a sua mulher tem que andar em carruagens separadas no metro (etc, etc)!…

  2. Completamente de acordo com o comentário anterior. Acrescentaria que tem sido vergonhoso o papel do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal relativamente à Venezuela, onde se aconselharia uma postura mais discreta e responsável face à numerosa comunidade portuguesa residente na Venezuela e em contraste com o silêncio vergonhoso que tem tido face ao papel do Senhor Presidente do Brasil. A postura do actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, em matéria de relações internacionais, faz infelizmente lembrar alguns Ministros dos Negócios Estrangeiros antes de 1974! Lamentável!

  3. “Ainda bem que o bom senso e diálogo imperam”… Andam todos muito nervosos! “casa onde não há pão….” Embora seja um país soberano é importante que as liberdades e garantidas das pessoas sejam sempre salvaguardadas…Oxalá que Maduro consiga manter a paz e estabilidade necessárias para que a Venezuela continue a ser um GRANDE PAÍS…

  4. Quem preza a liberdade e a democracia não pode concordar inteiramente com o que é divulgado sobre Venezuela. Contudo, situação muito identica todos sabemos verificar-se na china. A UE faz alguma coisa em relação à China? Não. todos sabemos o que se passa na Árabia Saudita. A UE faz ou diz alguma coisa em relação à Arábia saudita? Não. Estamos novamente perante uma mesma situação que aconteceu em tempos com o Iraque, ie, quando os poderosos se acham diante dos fracos mostram-se muito fotes, mas acobardam-se diante dos mais fortes. É apenas contra esta vergonha que me pronuncio. Ou agimos em nome dos princípios e somos sempre coerentes ou, se não, mais vale estarmos quietos e calados.

  5. Vamos ver se nos entendemos. De uma vez por todas é preciso consciencializar a ideia de que o Presidente Maduro foi eleito em eleições com centenas de observadores internacionais e não se autoproclamou como fez o líder da oposição bem protegido pelos EUA, os tais democratas que, quando os governos não lhes agradam por não se submeterem aos ditames hegemónicos, decidem unilateralmente sanções económicas que só criam pobreza e miséria aos povos, invasões de países soberanos, a sua destruição e morte das populações inocentes aos milhares.
    A UE ao sabor das marés, já reconheceu Maduro, conforme a ONU o fez, mas por vezes para não ficar mal na foto perante os EUA, cai na ingerência, facto agora verificado com a embaixadora que seguramente terá o acordo do nosso MNE que chegou a reconhecer o líder da oposição como presidente. Tanto a UE como a Grã-Bretanha não tiveram pejo em reter as contas bancárias da Venezuela que tanta falta fazem ao País, especialmente agora em tempo de pandemia. Deixem os países seguirem os seus destinos soberanamente.

  6. Na América espanhola chegou ao desplante de ter três “tiranos bufões”. mas , todos os três escafederam-se Não é que apareceu outro descendente para a vaga deixada por morte de um deles!? A Venezuela , um país com um subsolo rico em minerais – petróleo em abundância – vive momentos de abandono nas “mãos” de um incompetente e desastrado ditador: maduro no sobrenome e “bufão” em suas ações teatrais. As democracias na América Latina vivem os seus piores momentos. É o que pensa joãoluizgondimaguiargondim- [email protected]

  7. Hmm… União Europeia VS Venezuela. Estou dividido. Venha o diabo e escolha. No final de contas, acho que são farinha do mesmo saco. Fascistas, sedentos de poder, com aspiração ao totalitarismo.

  8. Concordo perfeitamente com quem acima da opinião já não sei se é o mesmo ou se são vários uma coisa é certa ou foi encomendado ou não batem bem da bola. As centenas de milhares de venezuelanos que fugiram da Venezuela a pé devem ser loucos, porque fugir de um país em tão bom estados em que os ricos fogem e os pobres – que estão no governo – mandam os filhos estudar para países da Europa viverem a barba longa. Até me constou que os que acima Manuel, Nuno, Lena, Ana Maria, João, falei e Jr, tinham pedido o passaporte com muita urgência porque querem ir rapidamente para a Venezuela, onde o ordenado mínimo é de mais 1.200€, e onde não há desemprego e até precisam de emigrantes para não fazer nada e ganhar balúrdios. Quando vos dão por cada bacorada.

    • Respeitar a Venezuela não significa querer emigrar para lá. Significa apenas não meter o nariz nos assuntos que não nos dizem respeito e não agredir quem não nos fez mal algum.

  9. Chaves e Maduro nunca trouxeram prosperidade a Venezuela, mesmo tendo gigantescas reservas de petróleo. Nunca passaram de ditadores vitalícios avessos a democracia que compram os militares para que fiquem alinhados ao governo e financiam milicianos armados para com isso, calar e sufocar os que discordam dele. Ouvi dizer que a Venezuela tem mais de 1.000 generais… isso é de uma bizarrice sem precedentes… mais do que toda OTAN… ditadores de direita e esquerda são todos farinha do mesmo saco… se apegam ao poder com desespero… pois sabem que depois de tantas maldades que fizeram se caírem, podem ter o mesmo fim de Sadam Hussein ou Muamar Kadafi..

    • O Chavez foi eleito democraticamente e, com o apoio popular até sobreviveu a um golpe de Estado patrocinado pelos EUA.
      Podia ter muitos defeitos mas diminuiu em muito a desigualdade gritante que existia na Venezuela…
      O Maduro é um louco alucinado…

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