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Veneza celebra Carnaval “surreal” sem multidões e com as máscaras dos “médicos da peste”

Frank Kovalchek / Wikimedia

Carnaval de Veneza, em Itália

O Tradicional Carnaval de Veneza começou no sábado e prolongou-se ao longo do último fim de semana com os foliões a invadir a Praça de São Marcos, que se encontrava praticamente vazia em tempos de pandemia. Os festejos já tinham sido suspensos em 2020.

Mesmo em tempo de pandemia, o famoso carnaval de Veneza, foi este domingo celebrado de forma mas de uma forma muito diferente do habitual, sem multidões, devido às restrições que vigoram por causa da pandemia de covid-19. Em 2020, os festejos foram suspensos à última hora devido ao agravar do surto que começava em Itália.

Ainda assim, um grupo de pessoas decidiu marcar a data, trocando as máscaras de proteção pelas típicas máscaras de Veneza. Na conhecida praça da cidade, cerca de dez pessoas ficaram em silêncio, respeitando o distanciamento social, exibindo apenas os seus trajes típicos.

Chiara Ragazzon, visitante habitual do Carnaval de Veneza, sublinha que o cenário é “totalmente surreal”, salientou à agência France Presse (AFP). A mulher aventurou-se a visitar Veneza com o marido ao deslocar-se da sua casa, localizada a 50 quilómetros. “O que mais me atinge é o silêncio. Normalmente ouve-se música e gente a divertir-se. Mas Veneza no nevoeiro ainda é um lugar mágico”, realçou.

Entre as máscaras em exibição na Tragicomica, uma das lojas de máscaras tradicionais mais antigas de Veneza, há cerca de uma dúzia de bicos longos, usadas pelos “médicos da peste” que cuidavam dos doentes durante o surto no século XVII.

Perto da Praça de São Marcos, Hamid Seddighi, vestido com um macacão respingado de tinta, continua a fazer máscaras de carnaval na sua loja, a Ca ‘de Sol, que vende máscaras feitas de papel machê, renda e ferro, enfeitadas com cristais Swarovski.

No entanto, as suas criações têm-se acumulado sem compradores e a pandemia fez com que receitas caíssem 70%, sobretudo devido à falta de turistas estrangeiros.

“É trágico, faço máscaras há 35 anos e só vendi duas durante este carnaval”, salienta o iraniano de 63 anos que decidiu fixar-se em Itália.

O país abrandou as restrições sanitárias associadas à pandemia na segunda-feira, permitindo maior liberdade de circulação na maioria das regiões. Contudo, Veneza está entre as áreas agora sob a categoria “amarela” de baixo risco – mas os residentes ainda não têm permissão para viajar para fora da região.

Atualmente, em relação ao restante da Europa, o país impõe restrições menos severas à movimentação dos moradores. Até as 22 horas, são permitidas apenas compras para viagem.

Ana Moura, ZAP //

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