Com o passar dos anos, a população começa a ficar mais resistente a certos medicamentos e estes deixam de fazer efeito. Agora, uma equipa de investigadores desenvolveu novas moléculas anti-microbianas a partir do veneno de vespa, que pode ser um componente forte de antibióticos.
A comunidade médica tem alertado cada vez mais para o grande problema dos antibióticos. Estes medicamentos foram um dos avanços científicos mais importantes do século 20, evitando assim milhões de mortes por infeções. Contudo, décadas de uso excessivo fizeram com que as bactérias ficassem cada vez mais resistentes aos medicamentos.
Para evitar que isto aconteça de forma catastrófica, um grupo de cientistas da Universidade da Pensilvânia, está a investigar um conjunto de novos candidatos a antibióticos, bem como procura outros métodos alternativos para destruí-los.
Um caminho promissor é aberto a novos candidatos a medicamentos, como é o caso do veneno de vários animais e insetos, cascavéis, escorpiões e vespas, sendo que é este último que o novo estudo, publicado na PNAS a 12 de outubro, investigou.
César de la Fuente, autor principal do estudo, garante que “os novos antibióticos são urgentemente necessários para tratar o número cada vez maior de infeções resistentes aos medicamentos, e os venenos são uma fonte inexplorada com muito potencial”. O cientista acredita ainda que “as moléculas derivadas do veneno serão uma fonte valiosa de novos antibióticos”.
Assim, a equipa começou por analisar um peptídeo altamente tóxico encontrado no veneno da vespa do casaco amarelo. O peptídeo, conhecido como mastoparan-L (mast-L), consegue matar bactérias, mas também pode ser prejudicial aos humanos, uma vez que é capaz de destruir os glóbulos vermelhos e pode desencadear anafilaxia em certas pessoas.
Perante os possíveis efeitos secundários, a equipa teve de encontrar uma maneira de modificá-lo. Esta situação levou os cientistas a substituir a parte mais tóxica do veneno por um pentapeptídeo – conhecido por ser fortemente ativo contra bactérias.
O resultado final foi o surgimento de uma nova molécula à qual os investigadores apelidaram de mastoparan-MO (mast-MO). A nova molécula foi testada em ratos infetados com níveis letais de E. coli, e demonstrou proteger os animais na maioria dos casos, uma vez que 80% dos animais tratados sobreviveram.
Segundo o New Atlas, os especialistas também descobriram que várias variações do mast-MO têm atividade antimicrobiana, por isso a equipa espera continuar a desenvolvê-las em antibióticos.