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Nem metro, nem centímetro: vara e côvado serviam para medir

ZAP / DALLE-2

As “Portas da Vila”, os tempos do rei D. Dinis, recuar mais de 700 anos. Uma descoberta no meio das descobertas de Vila Real.

Foi lá num recanto de Vila Real, numa rua que até pode parecer sem saída, sem movimentação, que encontramos o Museu da Vila Velha.

Naquele local encontramos o “corolário” das campanhas arqueológicas levadas a cabo nos últimos anos na Vila Velha, numa “dimensão inimaginável para o público em geral”, descreve a Câmara Municipal de Vila Real.

Entre as “novas memórias” da Vila Velha (que é o local reconhecido pela generalidade da população local como o local onde nasceu a vila – hoje cidade), encontramos logo um espaço que recorda a fundação de Vila Real e as transformações operadas no antigo território de Panóias.

As Portas da Vila eram a entrada principal para a zona intramuros. Entre a imagem escultórica de N. Sra. do Desterro, um “Marco da Redonda” – designação pela qual eram conhecidos os marcos graníticos que demarcavam os arrabaldes de Vila Real – e um silhar que se integrava na estrutura das portas, reparamos na vara e no côvado.

A vara e o côvado não eram nenhuma estrutura de Vila Real, ou ponto de passagem importante. E na altura nem havia salto com vara nos Jogos Olímpicos, dizem.

Vara e côvado eram medidas padrão características daquela época – ou seja, há mais de 700 anos, no reinado de D. Dinis.

As medidas padrão vara e côvado eram unidades de comprimento usadas, não só em Vila Real, mas no país no geral; e noutras culturas antigas.

Estavam integradas no sistema de medidas de comprimento mais utilizado em Portugal na Idade Média: o “sistema craveiro”. Era um sistema baseado no palmo (cerca de 22 cm), descreve o Instituto Português da Qualidade.

A mais pequena era o côvado, às vezes denominado “alna”: três palmos, ou seja, cerca de 66 cm. Noutras culturas – hebraica ou egípcia – o côvado podia variar entre 44,5 e 48,1 centímetros.

Esta medida era baseada no comprimento do antebraço, do cotovelo até a ponta do dedo médio.

A vara era maior: cinco palmos, correspondente a cerca de 1,1 metros (em Portugal).

Cada uma destas medidas tinha um submúltiplo com metade do seu tamanho: o meio côvado e a meia vara.

E ainda se usavam sistemas paralelos com côvados e varas de outros tamanhos e outras medidas, como a braça: o dobro da vara, embora alguns autores defendam que pudesse medir cerca de 1,84m.

Essas medidas eram usadas principalmente para medir tecidos e terrenos.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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