“Vamos nós os dois ao Kremlin, talvez Putin fique convencido”, diz Tavares a Raimundo

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ZAP // António Pedro Santos, Manuel de Almeida / Lusa

No debate entre líderes de PCP e Livre, Europa e Defesa dividiram, direitos sociais e habitação uniram os dois deputados.

O secretário-geral do PCP e o porta-voz do Livre divergiram quanto à importância da União Europeia e à necessidade de investir em Defesa devido ao atual contexto internacional, mas convergiram quanto aos direitos sociais e à habitação.

Paulo Raimundo e Rui Tavares estiveram esta quarta-feira num frente-a-frente na SIC Notícias, em que o primeiro tema abordado foi a Defesa, com o porta-voz do Livre a defender que a União Europeia (UE) deve assumir responsabilidades próprias numa altura em que Donald Trump admite “não aplicar o artigo 5.º da NATO”.

“Creio que a escolha é muito clara: é construir uma comunidade europeia de Defesa, que possa defender a Europa e substituir-se à NATO se for necessária“, defendeu.

Assumindo uma diferença com a posição de Rui Tavares, Raimundo disse não concordar com a “ideia de que a Europa precisa de se armar até aos dentes” e defendeu que Portugal não “precisa de gastar mais dinheiro, que não tem ou que lhe faz falta, numa corrida que não é para a Defesa, é uma corrida para a guerra”.

“Nós não trocamos dinheiro para a guerra nem por pensões, nem por salários, nem pela habitação, nem pela saúde, nem pelas creches, nem pelos lares”, elencou Raimundo, com o porta-voz do Livre a retorquir que “armado até aos dentes está Vladimir Putin“.

“E Vladimir Putin não vai lá com duas conversas, peço desculpa. Porque se fosse possível qualquer um de nós ir ao Kremlin e convencer Putin a não invadir, isso já teria sido feito. Macron tentou isso, Merkel, Obama, Hillary Clinton tentaram isso. Se calhar íamos lá nós os dois, talvez nós o convencêssemos“, ironizou, aconselhando Raimundo a não ser “negacionista” com as várias crises que a UE enfrenta, incluindo a securitária.

O secretário-geral do PCP disse não compreender “a veemência” com que Rui Tavares falou sobre o Presidente da Rússia, salientando que está “profundamente de acordo” com o Livre na crítica às “opções políticas e de classe” de Putin e também as combate.

Depois, os dois líderes abordaram a temática da União Europeia (UE), com Paulo Raimundo, após ser questionado se defende a saída de Portugal do bloco comunitário, a responder que a CDU “não abdica de intervir no plano da UE”, nem tem no horizonte “um ato de saída extemporâneo”, mas a ressalvar que Portugal “não é uma província da UE” e é “um país soberano”.

Já Rui Tavares abordou as tarifas aduaneiras impostas por Donald Trump para salientar a importância de Portugal ser atualmente um Estado-membro da UE, porque, caso não pertencesse à comunidade, estaria sujeito a taxas não de 20%, mas de 26%, se se aplicar a fórmula utilizada pelo Presidente dos Estados Unidos.

Fora estas divergências nos dois temas que abriram o debate, os dois líderes partidários convergiram nas restantes temáticas, com Rui Tavares a recordar que o Livre votou ao lado do PCP na Assembleia da República em 96% das medidas.

“Acho que ninguém critica que votemos do mesmo lado nos direitos dos trabalhadores, sociais ou das famílias que têm menos rendimentos. A nossa diferença tem a ver com a consequência das convergências à esquerda (…) e outra grande diferença tem a ver com a questão europeia”, disse.

Entre os pontos de sintonia, esteve a proposta do Livre de uma herança social de cinco mil euros para todas as crianças nascidas em Portugal, que Paulo Raimundo considerou “uma medida interessante, que tem de ser desenvolvida”, apesar de ressalvar que é urgente responder “aos problemas de agora”, com medidas como a redução do IVA da eletricidade, gás e telecomunicações para os 6%.

Também na habitação, ambos criticaram a lei dos solos e convergiram na necessidade de uma maior regulação do mercado, com Paulo Raimundo a defender tetos às rendas e Rui Tavares a taxação do segmento de luxo.

A fechar o debate, os dois líderes abordaram os cenários de governabilidade. Rui Tavares criticou o secretário-geral do PS por fazer um apelo ao voto útil e Paulo Raimundo manifestou-se confiante no reforço da CDU.

// Lusa

4 Comments

  1. O Raimundo e os outros esquerdalhada, desde o 25.4 que ficariam contentes se a Russia viesse “tomat conta” de PT. É o objectivo deles, ser parte da Russia. Até no 25.4 ofereceram PT à Russia mas eles não quiseram. E estão escondidos atrás de conversa manhosa, à espera que de uma maneira oujtra isso venha a realizar-se.
    Se os Russos aparecessem no Tejo eram os primeiros a correr com um carvo na mão a dar boa vindas aos Tiranos

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    • Das poucas vezes que fui à festa do Avante vi lá um pavilhão que me entristeceu e que tinha vários países comunistas como a Russia, Coreia do Norte, China. É triste porque já não existem países comunistas às muito tempo, nem sei se alguma vez existiram. Parece-me a mim que o Putin é mais próximo de uma estrema direita do que de um comunismo, ao ponto de apoiar partidos de extrema direita.
      Mas numa coisa tenho de concordar com os comunistas existem outros interesses nesta guerra da Ucrânia, e nós todos como bons carneiros que somos sem questionar estamos a ir atrás.
      Ajudamos a Ucrânia, porque se fossemos nós também gostávamos de ser ajudados, mas porque não tivemos esta mesma postura com a Sérvia quando deram independência ao Kosovo? Concordámos que os Albaneses do Kosovo tivessem um país independente da Sérvia, mas não concordamos que os Russos na Ucrânia tenham também a sua independência da Ucrânia.
      Por outro lado temos a hipocrisia dos Russos, que não reconhecem o Kosovo como um país mas reconheceram as outras Republicas a partir da Ucrânia.
      Meus caros não estaremos a ser manipulados e existe assim uma diferença tão grande entre os russos e os americanos. Não somos já crescidos para começara a pensar pelas nossas cabeças e vamos continuar a crucificar os comunistas porque pensam de uma forma diferente de nós. Será que eles estão assim tão errados.
      Meu caro Lusitano, não seria uma boa ideia começar a pensar pela sua cabeça.

  2. O investimento em defesa, se for bem feito, beneficia o pais todo.
    Se for para comprar armas, não é bom negócio.
    Se for para desenvolver a tecnologia e a capacidade industrial necessária ao fabrico de armas, pode ser um bom negócio porque a tecnologia e indústria podem vão depois ter aplicações civis/comerciais.
    Então investir em Defesa pode ser uma forma de industrializar Portugal e finalmente passar do segundo para o primeiro mundo.

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