CD Póvoa iniciou um projeto que pretende um encaixe financeiro e manter a ligação com os atletas e com os adeptos. Com os patrocinadores, “só no próximo ano”.
Uma ideia repetida imensas vezes ao longo dos últimos meses: pandemia é sinónimo de dificuldades mas também de oportunidades e de invenções. A secção de basquetebol do Clube Desportivo da Póvoa reinventou-se e criou uma campanha.
“Vamos juntos a jogo”. É o nome da campanha, que foi divulgada nesta segunda-feira, às 19h43 (o clube foi fundado em 1943). A ideia, lê-se em comunicado, é a “angariação de fundos para permitir o regular funcionamento da sua secção, o envolvimento da comunidade nas necessidades e dinâmicas do projeto desportivo e social da secção e a potencialização do produto “camisola de jogo” na comercialização do merchandising da secção”.
Quem quiser aderir, vai ter direito a ver o seu nome na camisola oficial da principal equipa masculina de basquetebol, quando os jogos voltarem. Há valores diferentes para adeptos, sócios, atletas e empresas, que variam entre os 5 e os 50 euros.
Hugo Matos, coordenador da secção de basquetebol do CD Póvoa, disse ao ZAP que há duas ideias fundamentais nesta campanha: “Manter a ligação com os atletas e com os adeptos – e com estes a ligação tornou-se mais difícil, é preciso reinventar – e realizar encaixe financeiro, que é uma contribuição simbólica individualmente, mas na quantidade global permite fazer algum encaixe. A pandemia afeta financeiramente os clubes”.
A ideia partiu de Pedro Coelho, team manager do basquetebol poveiro, e já contou com cerca de 50 adesões ao longo das primeiras 48 horas. Um primeiro impacto “muito positivo, muito agradável”, confessou Hugo Matos.
O também treinador de basquetebol explicou que, se houver uma adesão em massa, financeiramente “é uma ajuda grande para a secção, dá um empurrão, mas não salva a época. Estamos numa altura complicada em relação a patrocinadores, em quase todos os contactos que fizemos a resposta foi «só no próximo ano». Esta campanha permite no imediato ter alguma liquidez e deixa-nos orgulhosos por vermos as pessoas interessadas na nossa ideia”, comentou Hugo.
O coronavírus trouxe uma grande quebra no número de atletas no basquetebol do CD Póvoa: em fevereiro de 2020 havia 206 atletas a treinar, e a previsão era ir aumentando até ao final da época passada; mas em dezembro 2020 o número de atletas nos treinos baixou para 160. “Grande parte dos pais disseram que os filhos não voltavam, tinham receio da situação”, contou o coordenador.
O último jogo do CD Póvoa na Proliga foi antes do Natal de 2020, tendo ainda realizado um jogo em janeiro, para a Taça de Portugal. Hugo Matos acredita que os treinos voltarão em abril, a competição voltará no final de abril ou no início de maio – é este um dos cenários planeados pela Federação Portuguesa de Basquetebol, que deve divulgar uma decisão final na próxima semana. Entretanto, e desde a paragem, os jogadores estrangeiros voltaram ao país natal e os portugueses têm realizado somente atividade individual, não tem havido atividade de grupo.
Em relação à formação, os treinos arrancaram no final de agosto, com treinos ao ar livre e no pavilhão com todas as precauções e restrições, prevendo o reinício de campeonatos até ao final do ano passado. “Mas como não houve regresso à competição, foi um golpe grande, só havia treinos. E, apesar das várias estratégias dos treinadores, o compromisso com o treino começou a reduzir. Não houve abandono, mas muitos passaram a aparecer duas vezes numa semana em vez de quatro, por exemplo. Sem jogos, é normal esta desmotivação”.
“E ainda vamos ver que impacto vai ter este segundo abalo (novo confinamento). Mas continuamos a preparar o regresso aos jogos e só isso já me dá muitas dores de cabeça. Passar um ano sem competição para estas crianças e para estes jovens é um problema que ainda vamos ter de reavaliar“, continuou o coordenador do basquetebol do CD Póvoa.
A fase é de incertezas e de paragens mas Hugo Matos continua motivado: “Há motivação todos os dias. Talvez por ter nascido e crescido no CD Póvoa, mas há sempre motivação e felizmente estou rodeado de pessoas disponíveis e competentes”.