O antigo ministro da Economia, Augusto Mateus, considerou, em entrevista ao Jornal Económico, que as medidas económicas destinadas a combater os efeitos da pandemia da Covid-19 podem ser insuficientes.
Numa entrevista publicada esta sexta-feira, o economista alerta, citado pelo Observador, que “o que não dá resultado são medidas como as que foram lançadas no passado. Aquelas que os governos portugueses tiram da gaveta quando há qualquer problema — os fundos estruturantes. Isso não serve para nada”.
“Provavelmente, nós desligámos uma parte muito grande da economia. E vamos continuar a desligar. Mas, se calhar, vai ser preciso meter parte da economia no congelador. Isto é: será preciso suspender tudo, para depois voltar a partir nas condições em que estávamos quando se fechou a economia”, explicou Augusto Mateus.
Segundo Augusto Mateus, esta medida tem um custo potencial para o Estado de oito a nove mil milhões de euros, abarcando cerca de 60% da economia nacional, para que serviços essenciais como os hospitais possam continuar em funcionamento.
“O problema é garantir o rendimento mínimo à população. Mas as pessoas estão a descobrir que o rendimento mínimo é muito menor do que julgavam. Porque é um rendimento mínimo para comer e pagar medicamentos, contas de eletricidade, Internet, gás e água”, afirmou.
“Isso significa ter um mecanismo específico de layoff, em que só há salários e rendimentos do tipo do trabalho independente, reduzidos bastante mais do que em dois terços”, disse. “É preciso repartir essa redução entre dinheiro do Estado, dinheiro das empresas e dinheiro das pessoas”.
Porém, não é possível manter a “economia no congelador” durante mais de mês e meio. “Mais que isso é impossível. Como tudo indica que nós precisamos do mês de abril para desligar completamente a economia e não dar cabo dela esta é capaz de ser a melhor solução. Isto nunca foi feito, mas começa-me a parecer que é absolutamente indispensável”, considerou Augusto Mateus.