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Vacina pode proteger da covid-19 durante pelo menos dois anos

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Rungroj Yongrit / EPA

Enquanto os portugueses se apressam para se inocularem contra a covid-19, novos estudos tentam precisar quanto tempo pode durar a imunidade oferecida pelas vacinas.

Especialistas explicam ao Observador que a imunidade contra a covid-19 pode durar, pelo menos, dois anos.

Luís Graça, imunologista do Instituto de Medicina Molecular e membro da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19, diz que a quantidade de anticorpos em circulação aumenta rapidamente após uma infeção ou a administração de uma vacina. Contudo, decresce ao longo do tempo. Algo que, segundo Luís Graça, não é surpreendente.

Diferentes estudos variam na previsão de quanto tempo os anticorpos mantêm-se em circulação. Uns falam em seis meses, outros falam em oito.

Resultados preliminares de um estudo efetuado pelos serviços de Patologia Clínica e de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) revelam que os níveis de anticorpos caíram para um sexto do valor obtido após a vacinação ao fim de 90 dias.

A coautora do estudo Lucília Araújo defende que os anticorpos detetados ao fim de seis meses da vacinação podem já não ser protetores. Por isso, recomenda administrar uma terceira dose da vacina contra a covid-19.

As opiniões dos especialistas divergem. Alguns sugerem que, embora os resultados obtidos através dos testes serológicos sejam importantes, estes “não servem para tomar decisões técnicas”. Outros, por sua vez, baseiam-se nos resultados destes testes para reiterar a necessidade de reforçar a vacinação contra a doença.

Luís Graça argumenta que só os estudos que monitorizam o número de pessoas doentes entre quem já foi inoculado podem revelar o estado de proteção de um indivíduo ou a durabilidade da efetividade da vacina.

A própria DGS tem uma norma que determina que “os testes serológicos para o SARS-CoV-2 não devem ser utilizados para qualquer decisão sobre a vacinação contra a Covid-19″.

Pedro Madureira, imunologista do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, sugere que não é importante que os mesmos anticorpos continuem em circulação na mesma quantidade e eternamente para que a proteção se mantenha.

Francisco Antunes refere que os últimos resultados mostram que a proteção conferida pelos anticorpos em circulação só parece chegar a níveis considerados baixos ao fim de um ano. Ainda assim, o risco de infeção é muito raro e, quando acontece, normalmente são casos assintomáticos ou ligeiros.

Ao Observador, Manuel Carmo Gomes, epidemiologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, já tinha apontado que a imunidade celular parece durar pelo menos dois a três anos. O virologista Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular, vai mais longe e coloca em cinco anos a duração da imunidade.

ZAP //

3 Comments

  1. Segundo afirmam alguns cientistas é normal que o número de anticorpos diminua. Há células com memória, designadas como células T, que, em presença de uma possível infecção, serão responsáveis pelo reaparecimento de novos anticorpos que se encarregarão de combater a referida infecção. Posto isto, não faz nenhum sentido pensar numa terceira dose da vacina.

    • Faz, porque a eficácia da vacina é como a qualidade de um eletrodoméstico… rapidamente se extingue quando pensamos na obsolescência.

  2. E estudos da imunidade natural , de quem contraiu e superou o vírus?
    Onde estão? porque não os promovem? Mas estudos não são financiados pela industria que mais está a enriquecer com esta pandemia.

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