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Uso intenso de smartphones provoca alterações no nosso cérebro

tim caynes / Flickr

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A utilização intensa de certos tipos de telemóveis está provoca uma alteração no cérebro do cérebro dos utilizadores, pela adaptação à nova actividade motora.

A conclusão faz parte de um estudo do Instituto de Neuroinformática da Universidade de Zurique, que analisou as reações de um grupo de 37 voluntários.

Segundo os investigadores, os cérebros dos utilizadores de smartphones estão a ser alterados pelo uso recorrente dos ecrãs de toque.

Para medir a actividade cerebral do grupo, os cientistas utilizaram uma técnica conhecida como eletro-encefalografia, ou EEG, e analisaram diferenças  marcantes entre os utilizadores de smartphones e de telemóveis “convencionais”.

Analisando os resultados dos EEG, os cientistas concluíram que os utilizadores de smartphones demonstravam maior destreza no uso dos dedos.

Dos 37 voluntários, 26 eram utilizadores de smartphones com ecrãs de toque e 11 mantinham-se fieis aos modelos mais antiquados de telemóvel.

O teste de EEG monitorizou os impulsos eléctricos trocados entre o cérebro e as mãos dos indivíduos através dos nervos.

A actividade foi monitorizada por diversos eléctrodos colocados no couro cabeludo de cada voluntário, capazes de captar esta troca de mensagens na forma sensorial.

DR BBC

O EEG monitoriza e regista a actividade eléctrica do cérebro.

O EEG monitoriza e regista a actividade eléctrica do cérebro.

A partir dessas informações, os investigadores puderam criar um “mapa” que indica a porção do tecido cerebral dedicada à operação de uma determinada parte do corpo.

Os resultados revelaram diferenças entre os utilizadores. Os que usavam smartphones apresentaram maior actividade cerebral em resposta aos toques dados nocrã dos aparelhos pelos dedos médio, polegar e indicador.

E, aparentemente, há uma correlação com a frequência com que se usa o smartphone – quanto mais frequente é o uso, maior é a resposta registada pelo EEG.

Segundo os cientistas, o resultado – publicado na revista científica Current Biology – faz sentido, uma vez que o cérebro é maleável e, portanto, pode ser moldado pela prática e utilização repetida.

ini.uzh.ch

O neurocientista Arko Ghosh, investigador da Universidade de Zurique

O neurocientista Arko Ghosh, investigador da Universidade de Zurique

Os cientistas citam como exemplo os violinistas, que têm a área do cérebro dedicada ao controle dos dedos usados para tocar o instrumento maior do que a mesma área do cérebro de alguém que não toca violino.

Os investigadores acreditam que o mesmo está a acontecer com os utilizadores de smartphones – os seus cérebros estão a ser “esculpidos” pelo uso repetido pelos toques nos ecrãs dos aparelhos.

O neurocientista Arko Ghosh, que liderou o grupo de investigadores da Universidade de Zurique, disse à BBC que ficou surpreendido pela “escala das mudanças introduzidas no cérebro pelo uso de smartphones”.

Segundo Ghosh, o estudo reforça a ideia de que a omnipresença dos smartphones está a ter um grande efeito na nossa vida quotidiana.

ZAP / BBC

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