Portugal caiu nos oitavos-de-final do Mundial 2018. É certo que falar de justiça ou injustiça num jogo de futebol não vale de muito, mas fica um amargo de boca pela derrota por 2-1 ante o Uruguai.
A formação portuguesa dominou o jogo por completo, em especial na segunda parte, altura em que empurrou a “celeste” para dentro da sua grande área. Muita posse de bola, cruzamentos, remates, mas do outro lado estava uma equipa “cínica”, à procura do erro adversário, que fez dois golos nas duas únicas verdadeiras oportunidades de golo que teve.
O Jogo explicado em Números
- Portugal parecia estar melhor no jogo, com mais posse, eficácia de passe e lances junto da baliza de Muslera. Mas no primeiro ataque e remate, o Uruguai marcou. Luis Suárez cruzou da esquerda e Edinson Cavani surgiu nas costas de Raphäel Guerreiro a cabecear para o 1-0.
- A urgência de marcar aumentou exponencialmente para os campeões europeus, pelo que à passagem do primeiro quarto-de-hora registava já 61% de posse de bola e quatro remates, um enquadrado. os uruguaios fizeram um disparo, um golo.
- A verdade é que o Uruguai, a jogar no erro português, não precisava de muito para causar calafrios à defesa portuguesa, como aos 22 minutos, quando Suárez bateu um livre directo para grande defesa de Rui Patrício. Mas a posse era lusa, com 65% na primeira meia-hora, muito por culpa dos 69% de duelos ganhos pela turma das “quinas” nesta fase, e a eficácia de passe cifrava-se em 89%.
- Desvantagem lusa ao descanso, injusta pelo que se passou em campo nos diversos momentos de jogo, justa pela eficácia que os sul-americanos apresentaram no primeiro tempo, aliada à grande coesão defensiva. Portugal dominou, com 64% de posse de bola, 89% de eficácia de passe, mais remates, enfim, o dono do jogo, mas não do resultado. Faltava explosão, presença na área e velocidade na circulação da bola. O melhor em campo nesta fase era Edinson Cavani, com um GoalPoint Rating de 7.2. O autor do único golo fez dois remates, registou um drible certo e ajudou na defesa, com três desarmes, o máximo do jogo.
- Fernando Santos mudou o posicionamento da equipa, colocando João Mário na direita, Gonçalo Guedes na esquerda e Bernardo Silva no eixo do meio-campo. Coincidência ou não, Portugal empatou aos 55 minutos, por Pepe, a acorrer a um canto de Guerreiro da esquerda. Foi o primeiro golo sofrido pelo Uruguai neste Mundial.
- Respondeu de imediato o Uruguai, com a eficácia do costume. Transição de três para três, Rodrigo Bentancur serviu Cavani na esquerda e este, com um remate colocadíssimo, fez o 2-1, aos 62 minutos. Nesta fase, Portugal registava 72% de posse de bola, quatro remates no segundo tempo e dominava. A “celeste” marcou no primeiro ataque que fez.
- Mas Portugal não se deixou afectar e partiu para cima do Uruguai – que, entretanto, perdeu Cavani aos 72 minutos, por lesão. De tal forma que, aos 75 minutos, os sul-americanos só tinham um remate, que deu golo, Portugal registava seis, faltava era eficácia (um enquadrado).
- Mas não havia volta a dar. O Uruguai estava nas suas sete quintas, na defesa, abdicando por completo do ataque, e acabou por segurar a vantagem, com um autêntico “autocarro”, confortável perante o pouco poder de fogo português na grande área. Um adeus inglório.
O Homem do Jogo
O melhor em campo só podia ser Edinson Cavani. O avançado do Paris Saint-Germain fez dois golos, em apenas três remates, personificando a eficácia da equipa “celeste” no ataque, pelo que terminou com um GoalPoint Rating de 8.0. O melhor português acabou por ser Raphäel Guerreiro. O lateral-esquerdo fez um belo jogo, em especial na segunda parte. No total, Guerreiro registou dois remates, uma assistência, criou uma ocasião flagrante de jogo, em quatro passes para finalização, registou 102 acções com bola (valor máximo do jogo), teve sucesso nas duas tentativas de drible e registou dez acções defensivas – terminou com um rating de 7.4.
Jogadores em foco
- Bernardo Silva 6.3 – A segunda parte de Bernardo esteve na génese da melhoria significativa de Portugal. Numa zona mais central, a formação das “quinas” passou a ter mais bola e com mais qualidade na zona central, obrigando ao recuo uruguaio. O médio registou quatro passes para finalização, 88% de eficácia de passe, 99 acções com bola e quatro dribles eficazes.
- William Carvalho 6.4 – O trinco foi outro jogador cujo desempenho melhorou substancialmente na segunda metade do jogo terminando com 93% de passes certos, 15 deles longos em 16 tentativas. Recuperou a posse 10 vezes e ainda fez dois passes para finalização.
- Ricardo Quaresma 6.2 – O jogo acabou com ele a tentar o milagre. Entrou bem, mas faltou a trivela: entregou dois dos seis cruzamentos que ensaiou e ainda fez um passe para finalização e um remate.
- Pepe 6.0 – Marcou o golo da esperança e chegou a ser o melhor em campo, pelo menos até Cavani aplicar a estocada final. Ganhou quatro dos seis duelos aéreos que travou.
- Ricardo Pereira 4.8 – Pressão, azar ou apenas um dia não. Seja lá qual for a razão Ricardo não fez jus à excelente época que rubricou ao serviço do Porto e acabou por ser um dos sinais menos de Portugal. Entregou apenas um dos cinco cruzamentos que ensaiou, perdeu a posse 12 vezes e foi praticamente inexistente defensivamente, sendo pelo seu flanco que o perigo fatal acabou por aparecer.
Resumo
// GoalPoint