Bernardo Brochado, Etianete Lopes e David Rocha são três jovens universitários que, durante as férias de verão, reduzem as possibilidades de trabalhar para o bronze e optam pelo trabalho voluntário em três associações de solidariedade social de Lisboa.
“É mesmo uma experiência de vida que nos prepara para a realidade de outra forma”, descreve Bernardo Brochado a propósito da sua experiência na Candeia, associação que trabalha com crianças institucionalizadas e onde é voluntário.
Estudante de Economia na Universidade Católica Portuguesa, Bernardo Brochado integrou a associação por incentivo de um amigo: “Ele convidou-me para fazer um campo à experiência, disse “eu acho que tu tens perfil para fazer isto”. Fiz o campo, gostei imenso e ainda cá estou, passados quatro anos”, recorda.
A Candeia, que realizou a sua primeira atividade em 1991, conta atualmente com cerca de 50 voluntários ativos que trabalham em ações realizadas ao longo do ano e em atividades sazonais, explicou à agência Lusa Maria Quaresma, da associação.
Nos campos de férias sazonais, Bernardo Brochado convive com as crianças da instituição, o que coloca a sua vida sob perspetiva.
“É um ‘abre olhos’ para dizer ‘de facto eu sou um sortudo, por um lado, que sorte que eu tive’. Estou sempre a queixar-me dos meus problemas, mas os meus problemas são tão pequeninos ao pé do que estas crianças passam'”, refere o estudante de Economia.
À semelhança de Bernardo, Etianete Lopes escolheu ser voluntária em campos de férias para crianças. A estudante de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa escolheu o ISU, Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária.
Criado em 1989, o ISU realiza projetos que visam o desenvolvimento das comunidades, desenvolvendo também iniciativas em Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP).
Esta é uma associação que conta hoje com “cerca de 100 a 150 voluntários”, explicou André Azevedo, responsável pelo Centro de Formação para o Voluntariado da instituição.
David Rocha frequenta o curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e também encontrou no voluntariado uma ocupação que o preenche.
O estudante de Engenharia Mecânica procurava “experimentar coisas novas” quando se decidiu pelo voluntariado como uma forma de sair da sua zona de segurança. A LPCC, Liga Portuguesa Contra o Cancro, foi a sua escolha, onde participou na campanha de prevenção do cancro de pele realizada num campeonato de surf na Costa da Caparica, em Almada.
A LPCC desenvolve várias campanhas de sensibilização para a prevenção do cancro da pele e o trabalho voluntário revela-se fulcral, uma vez que permite “chegar a mais pessoas, a mais sítios e mais longe”, afirma Rita Teles Branco, membro da direção da Liga.
Da experiência enquanto voluntário, David Rocha destaca as competências que adquiriu: “Diria que sou mais tolerante a novas ideias e opiniões e tenho uma diferente sensibilidade para os problemas dos outros”.
“As coisas boas que a associação me traz mais do que compensam uma semana de férias no Algarve ou menos um dia de estudo para o teste, ou o que for. Compensa completamente”, resume.
/Lusa