A UNITA anunciou que vai entregar uma reclamação com efeitos suspensivos dos resultados das eleições gerais em Angola, depois de a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) ter confirmado a vitória do MPLA. Voltam, assim, os receios de manifestações e de violência nas ruas.
Num comunicado do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, a União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) afirma ter tomado conhecimento dos resultados anunciados, nesta segunda-feira, pelo presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, através dos órgãos de comunicação social públicos.
Reforçando que não reconhece os resultados da CNE, enquanto não forem decididas as reclamações já em sua posse, o segundo partido mais votado nas eleições referiu ainda que não foi notificado da decisão do plenário que caucionou os referidos resultados e não recebeu cópia da acta do apuramento dos resultados definitivos, como estipula a lei.
Assim, a UNITA vai entrar com “uma reclamação que terá os efeitos suspensivos da declaração dos resultados definitivos apresentado pela CNE”, anunciou ainda o comunicado do partido.
A UNITA sublinhou, por último, que “é do interesse de todos os angolanos que a CNE não se furte a comparação das actas síntese em posse dos partidos políticos, resultantes da vontade popular, expressa nas urnas, que representa a verdade eleitoral“.
Quem tem armas é o MPLA, diz o líder da UNITA
Antes deste comunicado da UNITA, o líder do partido, Adalberto Costa Júnior, já tinha frisado, em declarações à CNN Portugal, que “a CNE apareceu com resultados que não correspondem aos resultados que as actas estão a indicar“.
“Assumimos que devíamos assumir os resultados que estas instituições produzissem. Não os que divulgam”, apontou ainda Costa Júnior, realçando que “a UNITA organizou-se no sentido de ter a fiscalização apertada do processo“.
Lamentando que as instituições angolanas estão “absolutamente partidarizadas”, o líder da UNITA admitiu que o partido pode recorrer a instâncias internacionais para contestar os resultados.
Adalberto Costa Júnior também alertou o Governo de João Lourenço, reeleito nestas eleições, que os angolanos podem manifestar o seu descontentamento nas ruas.
“A constituição de Angola é clara, não proíbe o direito a manifestação do seu povo“, apontou o líder da UNITA na CNN Portugal, notando que é “um direito constitucional que não pode, em circunstância alguma, receber pressão”.
Sobre a possibilidade de estas manifestações resultarem numa escalada de violência, Costa Júnior atirou já as culpas para o MPLA, salientando que quem tem armas no país “é o Governo, através das Forças Armadas e de Segurança”.
A CNE anunciou que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) venceu as eleições com 51,17% dos votos contra 43,95% da UNITA. O MPLA arrecadou 3.209.429 de votos, elegendo 124 deputados, e a UNITA conquistou 2.756.786 votos, garantindo 90 deputados.
O plenário da CNE proclamou, assim, Presidente da República de Angola, João Lourenço, cabeça de lista do MPLA, e vice-presidente, Esperança da Costa, segunda da lista.
No discurso de vitória, João Lourenço congratulou-se com vitória, a quinta do MPLA, coincidindo com o número de eleições realizadas em Angola, apesar do partido ter perdido um milhão de votos, no pior resultado de sempre.
ZAP // Lusa
Porque é que a UNITA ganha nas províncias de Luanda, Cabinda e Zaire e não ganha nas províncias de leste onde esteve sempre localizada a sua predominância política? Então o MPLA perdeu votos para a UNITA, por todo o país, e na zona de sediação da UNITA, o MPLA ganhou? Que grande trafulhice! E reparem nisto: o MPLA, nos últimos 15 anos vem sempre descendo 10%: 81% , 71% , 61% e 51%, Não são estranhas estas percentagens a terminar todas em 1 ? Mas isto pode ser também o pronúncio que daqui a 5 anos, o MPLA vai ter 41%, isto é vai abandonar o governo, depois de 52 anos de governações miseráveis. Angola não pode continuar a integrar o rol dos países de terceiro mundo. Grande maioria daquele povo descalço e semi-nu merece maior humanidade e dignidade.
Sempre tive esta dúvida…
É o próprio João Soares a comentar?! É que se tinha dúvidas, este comentário (com o qual concordo), esclarece tudo.