Uma molécula pode ser a chave para controlar sistemas imunitários hiperativos

Uma equipa de cientistas explorou o papel da molécula PI3Kγ na resposta dos anticorpos a doenças autoimunes, de modo a entender como pode ajudar a tratar estas doenças nas crianças.

As doenças autoimunes são um grupo de doenças distintas que tem como origem a produção de anticorpos contra componentes do organismo. O corpo começa a confundir as suas próprias proteínas com agentes invasores, acabando por as atacar.

Segundo o Tech Explorist, uma jovem que apresentava problemas nas células sanguíneas, problemas respiratórios e diarreia, bem como baixos níveis de anticorpos, foi tratada com esteroides e terapia com imunoglobulina.

Num estudo anterior, publicado em 2019 na Nature Communications, os investigadores observaram que os sintomas da menina se deviam a mutações que causavam uma deficiência na PI3Kγ, uma molécula de sinalização nas células imunitárias.

Num novo estudo, publicado este mês na Nature Immunology, os investigadores utilizaram ratinhos geneticamente modificados com falta de PI3Kγ e expuseram-nos a micróbios de modo a entender que papel desempenha a molécula na produção de anticorpos.

Estes ratinhos apresentavam uma produção de anticorpos defeituosa, mostrando que esta molécula é essencial para os anticorpos tanto em ratinhos como em humanos.

A equipa utilizou estes modelos de modo a remover a molécula de células imunitárias específicas, como as células B e as células T. De seguida, descobriram que sem PI3Kγ, as células B tinham uma produção reduzida de anticorpos, semelhante à do doente.

Através dos resultados destes estudo, os cientistas mostraram que a PI3Kγ é necessária para que as células B funcionem corretamente e também é importante durante a diferenciação das células B em células secretoras de anticorpos, e não durante a ativação ou a formação do centro germinal.

Além disso, a equipa também testou um fármaco que tem como alvo a PI3Kγ em modelos de amígdalas humanas, descobrindo que impedia as células B de se tornarem células secretoras de anticorpos.

Estes resultados dão força aos resultados obtidos em ratos, indicando que podem ajudar a travar respostas excessivas de anticorpos.

“As doenças autoimunes com defeito de um único gene ensinam detalhes fundamentais da biologia. Temos esperança de que isto possa conduzir a novos tratamentos autoimunes”, conclui a principal autora do estudo, Carrie Lucas.

Por fim, os investigadores esperam continuar a testar os inibidores de PI3K em modelos de ratinhos, de modo a adquirir novas informações sobre estas doenças genéticas raras.

Soraia Ferreira, ZAP //

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