Uma espessa camada de diamantes pode estar escondida sob a superfície de Mercúrio

NASA/Johns Hopkins University/Hopkins University Applied University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington

Uma espessa camada de diamantes pode estar escondida centenas de quilómetros abaixo da superfície de Mercúrio, de acordo com uma experiência que recria as condições iniciais do mais pequeno planeta do Sistema Solar.

Mercúrio brilha bastante porque está muito perto do Sol. A proporção refletida é baixa, de apenas 9%, mas a sonda MESSENGER revelou que isto se deve ao facto de grande parte da superfície ter muita grafite.

A distribuição deste elemento levou os cientistas a concluir que o carbono estava presente aquando da formação deste planeta, em vez de ter chegado em cometas ou asteróides. Yongjiang Xu, do Centro de Pesquisa Avançada de Ciência e Tecnologia de Alta Pressão da China, tem investigado o que provavelmente aconteceu com todo aquele carbono durante o período em que Mercúrio se diferenciou em núcleo e crosta.

Segundo o New Scientist, é provável que Mercúrio tenha tido ainda mais carbono do que tem agora, mas quando a sua superfície era um oceano de magma, gases como o dióxido de carbono e o metano terão desgaseificado e escapado da baixa gravidade do planeta.

Ainda assim, a abundância de grafite na crosta mercuriana indica que o planeta permaneceu saturado numa fase de carbono durante a diferenciação metal-silicato, a formação do núcleo e toda a cristalização do oceano de magma.

Contudo, para produzir diamantes é necessário não só carbono como também pressão. Mercúrio é um planeta muito pequeno, com menos gravidade do que a Terra, e a pressão no seu antigo oceano e manto de magma foi considerada insuficiente para produzir as gemas. Pensava-se, portanto, que o carbono flutuava na superfície.

Agora, novos modelos do campo gravitacional de Mercúrio colocam esta hipótese em causa. Foi por isso que a equipa de cientistas expôs amostras dos elementos que podem ter estado presentes em Mercúrio na altura da sua formação a 7 gigapascais de pressão a quase 2.000° C.

A conclusão é que há dois cenários onde os diamantes poderiam ter sido formados: ou foram produzidos a partir do oceano de magma, uma fase comum a todos os planetas internos, ou foram espremidos para fora do núcleo enquanto o planeta se cristalizava.

O primeiro cenário só seria possível se Mercúrio tivesse bastante enxofre no seu oceano de magma, uma vez que tal composição teria mudado a química ao ponto de a produção de diamantes ser possível. Contudo, mesmo que o enxofre fosse abundante, os autores consideram a produção de diamantes em grande escala improvável, embora não impossível.

A hipótese mais provável é a que sugere que, à medida que o núcleo interno sólido se formava, o carbono terá sido forçado a sair, levando a uma camada de diamante com quilómetros de espessura.

O artigo científico foi publicado, recentemente, na Nature Communications.

ZAP //

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