A imponente erva-das-Pampas representa, neste momento, um sério perigo para o ambiente, saúde e economia. A invasora cortante e alergénica está a proliferar-se por todo o território nacional.
A erva-das-Pampas, de nome científico Cortaderia selloana, é originária das Pampas, um bioma localizado na América do Sul.
Se, até há duas décadas, a planta surgia principalmente confinada a jardins; hoje está a tornar-se numa ameaça, apresentando “um apetite voraz” por todo o território nacional.
O alerta foi dado esta segunda-feira pela professora da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), Hélia Marchante.
“Esta espécie ocupa facilmente as bermas e imediações das nossas estradas, caminhos-de-ferro e outras áreas perturbadas, encontrando aí uma oportunidade fácil para se expandir rapidamente”, além de invadir locais como sapais, dunas ou mesmo o subcoberto de áreas florestais, sublinha a docente.
Como explica a especialista, a rápida expansão desta planta invaspra deve-se:
- à sua excelente capacidade reprodutiva, que se traduz em milhões de sementes minúsculas por planta;
- assim como às suas baixas exigências por recursos;
- à sua grande flexibilidade em termos de condições ecológicas onde consegue crescer;
- e, por vezes, à ausência de competição por outras espécies que (não) ocupam o território, devido à degradação das comunidades vegetais.
Nesta altura do ano, prossegue, “é muito fácil identificar onde estão as ervas-das-Pampas, já que estas se revelam esplendorosamente na paisagem, exibindo as suas inflorescências, plumas, ou penachos vistosos, de coloração variada que pode ir desde o prateado ao ligeiramente rosado”.
Perigo sanitário, económico e ambiental
Apesar da sua beleza, o potencial perigo para a pele (daí o seu nome Cortaderia).
Os impactos negativos no estado de saúde da população, através das alergias que causa, é particularmente agravado por florir depois do verão, numa época em que menos espécies alergénicas costumam florir, sendo responsável por um novo pico de alergias, mais tardio”.
Além disso, há sempre consequências económicas, já que o seu controlo, particularmente nas faixas marginais às estradas, obriga a “despender recursos financeiros avultados”).
Por fim, ao crescer sem controlo, a erva-das-Pampas forma áreas homogéneas, nas quais é a única protagonista, impedindo as outras espécies de se desenvolverem e degradando os ecossistemas.
“Torna-se urgente agir, enquanto sociedade, para parar esta catástrofe ambiental e as suas consequências sociais negativas”, apela Hélia Marchante.
A docente é responsável pelo “Life Coop Cortaderia” no Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), um projeto que dá continuidade ao “Life Stop Cortaderia” (encerrou em 2022) e que está em desenvolvimento até setembro de 2028, tendo como objetivo sensibilizar, educar, formar e promover a intervenção dos vários setores da sociedade de forma a gerir melhor a invasão biológica por erva-das-Pampas.
Além de intervenções de controlo, nas áreas de influência de alguns dos parceiros, e uma forte aposta na sensibilização ambiental, este projeto convida entidades públicas e privadas a aderir à Estratégia Transnacional de luta contra a Cortaderia no Arco do Atlântico, oferecendo formação e consultoria profissional para melhorar a gestão da espécie com a finalidade de travar a sua expansão e, onde for possível, erradicar a sua presença.
ZAP // Lusa