Uma colina vulcânica na Hungria escondia um tesouro com 3.400 anos

László György

A descoberta ocorreu na colina vulcânica de Somló, uma região atualmente dedicada à produção de vinho. As peças mais modernas têm mais de 2.500.

Mais de 900 peças metálicas com idades compreendidas entre 3.400 e 2.500 anos foram recuperados por arqueólogos na colina vulcânica de Somló, a oeste da Hungria.

Segundo o El Confidencial, as descobertas revelam práticas rituais, atividades metalúrgicas e uma possível ocupação por elites guerreiras durante a Idade do Bronze

O enclave de Somló, que atualmente se destaca pela sua produção vinícola, também foi um importante marco na pré-história. Após um ano de prospeções com detetores de metais e tecnologia lidar, os investigadores do Museu Nacional da Hungria identificaram seis conjuntos de objetos enterrados deliberadamente que datam do final da Idade do Bronze e início da Idade de Ferro.

Entre os materiais recuperados destacam-se armas, joias, presas de porco, fragmentos têxteis e contas de âmbar. Uma das coleções mais singulares, denominada Hoard V, foi encontrada dentro de um recipiente cerâmico, o que constitui um caso inédito no oeste do país durante este período.

Segundo os investigadores, trata-se de um testemunho de práticas simbólicas relacionadas com o depósito de metais.

“Graças ao trabalho dos voluntários, as nossas investigações documentaram os primeiros depósitos metálicos em Somló”, explicou Bence Soós, arqueólogo do Museu Nacional da Hungria. “No primeiro ano de escavações, foram localizados seis conjuntos metálicos dos períodos compreendidos entre 1450 e 450 a.C.“.

As peças localizadas mostram evidências de terem sido produzidas localmente, o que sugere a existência de uma comunidade com habilidades e tecnologias metalúrgicas avançadas que até agora não se acreditava serem possíveis na região durante esta época.

Embora não tenha sido identificada uma oficina propriamente dita, foram documentadas estruturas que poderiam ter feito parte dos edifícios ligados ao processo de trabalho do bronze.

Este conjunto arqueológico fornece informações valiosas sobre a transição entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro, um período até agora pouco compreendido no oeste da Hungria.

Além disso, reforça a hipótese de que Somló foi sede de um grupo dirigente ou aristocracia militar, em consonância com os túmulos funerários monumentais encontrados na zona.

Já no século XIX, agricultores e produtores de vinho tinham encontrado objetos antigos nesta colina, embora sem registar a sua localização exata. A nova campanha arqueológica permitiu contextualizar as descobertas de forma científica, fornecendo uma cronologia mais precisa e evidências de ocupação prolongada entre os séculos XIII e VI a.C.

Os resultados do estudo, publicados na revista Antiguity, abrem novas vias de investigação sobre os costumes sociais e religiosos das comunidades que habitaram o território. “Esperamos que futuras campanhas nos permitam compreender melhor a evolução do povoamento e as práticas de ocultação ritual“, afirmou Soós.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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