Uma equipa de cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, desenvolveu um material “mais notável” do que o grafeno, que apresenta um grande potencial na área da medicina.
O reinado do grafeno como material maravilha que não pára de nos surpreender pode ter os dias contados.
O borofeno, composto por uma camada mono-atómica cristalina de boro, é ainda mais fino, mais condutor, mais leve e mais forte do que o grafeno.
Agora, uma equipa de investigadores da Penn State, a universidade estatal da Pensilvânia, nos EUA, alterou as propriedades do borofeno para o tornar ainda mais funcional.
O novo material desenvolvido na Penn State foi obtido conferindo quiralidade (a ausência de simetria de espelho) às moléculas de borofeno.
A descoberta, apresentada num artigo recentemente publicado na ACS Nano, abre novas portas à utilização do material, por exemplo, em ambientes médicos.
O grafeno é feito de carbono. Constituído por uma única camada de átomos numa estrutura hexagonal, é muito mais forte do que o aço, mas tem a vantagem de ser extremamente leve. Por esta razão, é amplamente utilizado como material de construção, eletrónica e tecnologia energética.
No entanto, pode ter encontrado o seu par no borofeno, produzido pela primeira vez através da combinação de elementos em 2015.
“O borofeno é uma forma bidimensional de boro com propriedades mecânicas, elétricas, óticas, térmicas, estruturais, semicondutoras e de transporte de eletrões únicas”, explica à Newsweek Dipanjan Pan, professor de nanomedicina, ciência e engenharia de materiais, e autor principal do estudo.
E qual o segredo mágico do potencial do borofeno quiral?
Os autores do estudo usam como analogia algo que nos habituámos e ver como assimétrico: um par de mãos, esquerda e direita, cópias uma da outra vistas ao espelho.
O borofeno quiral permite, na prática, criar duas versões dos mesmos produtos químicos —idênticas sem que sejam iguais, uma cópia vista ao espelho — abrindo caminho a inúmeras aplicações práticas.
“Devido à sua singularidade arquitetónica e biocompatibilidade, o borofeno quiral sintetizado no nosso laboratório tem uma grande variedade de aplicações”, explica Pan.
“Para além de ser um potencial sistema de administração de medicamentos, este material pode também ser utilizado como implante piezoelétrico, biossensor e dispositivo eletrónico flexível”, detalha.
“Um impacto importante nas ciências da saúde poderá ser a formação induzida de células e órgãos com base neste material”, conclui o investigador da Penn State.
Nos últimos anos, o grafeno tornou-se protagonista em várias áreas da ciência graças às inúmeras descobertas relacionadas com as suas propriedades surpreendentes e às diversas aplicações práticas dessas propriedades que foram sendo encontrada.
Vamos agora aguardar que magias o borofeno quiral nos vai também trazer.