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Um verdadeiro mundo aquático. A Terra já foi uma rocha espacial cheia de água

A superfície total da água na Terra sempre foi considerada constante. No entanto, de acordo com uma nova análise das características do manto, o nosso planeta já foi ocupado por um vasto oceano, com muito poucas ou nenhuma massa de terra. 

Mas para onde foi a água? O cientista planetário Junjie Dong, da Universidade de Harvard, defende que os minerais nas profundezas do manto foram os responsáveis por, lentamente, terem “bebido” os oceanos da Terra antiga para deixar o nível de água que temos hoje.

“Calculamos a capacidade de armazenamento de água no manto sólido da Terra em função da temperatura do manto”, escreveram os investigadores no artigo. “Descobrimos que a capacidade de armazenamento de água num manto inicial quente pode ter sido menor do que a quantidade de água que o manto da Terra atualmente contém.”

Segundo o Science Alert, os cientistas acreditam que uma grande quantidade de água seja armazenada na forma de compostos do grupo hidroxila – compostos de átomos de oxigénio e hidrogénio. A água é armazenada em duas formas de alta pressão do mineral vulcânico olivina: wadsleyite hidratada e ringwoodita.

As amostras de wadsleyite no subsolo podem conter cerca de 3% de H2O; ringwoodite em torno de 1%.

Os resultados deste estudo revelaram que os dois minerais apresentam menores capacidades de armazenamento a altas temperaturas. Quando a Terra se formou, há 4,54 mil milhões de anos, era muito mais quente internamente do que é hoje, o que significa que o armazenamento de água no manto é maior agora do que antes.

Além disso, à medida que mais minerais de olivina se cristalizam do magma da Terra, a capacidade de armazenamento de água do manto também aumenta. Mesmo que a equipa tivesse sido conservadora nos seus cálculos, a diferença na capacidade de armazenamento de água seria significativa.

“A capacidade de armazenamento de água bruta do manto sólido da Terra foi significativamente afetada pelo arrefecimento secular devido às capacidades de armazenamento dependentes da temperatura dos seus minerais constituintes”, escreveram os cientistas, no artigo científico publicado dia 9 de março na AGU Advances.

Se, atualmente, a água armazenada no manto é maior do que a sua capacidade de armazenamento no período Arqueano, entre 2,5 e 4 mil milhões de anos atrás, é possível que o mundo tenha estado inundado e os continentes imersos.

Liliana Malainho, ZAP //

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