Portugal é o terceiro país da União Europeia (UE) com a maior percentagem de pessoas acima dos 64 anos no mercado de trabalho, segundo um documento divulgado esta sexta-feira pela Pordata para assinalar o Dia do Trabalhador.
No âmbito do 1.º de Maio, a Pordata, projeto da Fundação Manuel dos Santos, reuniu um conjunto de dados estatísticos sobre o mercado de trabalho, e realça que Portugal “é o terceiro país com maior taxa de atividade entre pessoas com 65 ou mais anos”, com 11,7%, a seguir à Estónia e Irlanda.
Comparando com a média dos 27 países da União Europeia (UE27), onde a taxa de atividade nos maiores de 64 anos é de 5,7%, Portugal regista assim o dobro.
De acordo com o comunicado da Pordata, em Portugal a população ativa, ou seja, pessoas com mais de 15 anos disponíveis para trabalhar, é de cerca de cinco milhões e, por cada 100 pessoas, 59 estão no mercado de trabalho (empregadas ou desempregadas), contra 56 na UE27.
Os dados mostram ainda que Portugal é um dos dois países da UE (a par do Chipre) que recuaram em 2020 no cumprimento da meta de 75% fixada para a taxa de emprego na população entre os 20 e os 64 anos, com 74,7%, após ter ultrapassado a meta em 2018 (75,4%) e em 2019 (76,1%).
O documento destaca ainda que Portugal apresenta taxas de desemprego inferiores às da média da UE27, exceto nos grupos etários dos mais jovens e dos mais velhos, onde as taxas são de 32% entre os 15-19 anos (contra 21% na UE) e de 7% entre os 60-64 anos (face a 5% na UE).
Já a taxa dos jovens (15-29 anos) que não trabalham nem estudam é de 11%, inferior à média da UE27, de 14%, com países como Itália, Grécia e Bulgária a registarem taxas acima de 18% e, ao contrário, o Luxemburgo, a Suécia e os Países Baixos, com valores inferiores a 8%.
4.º país europeu com mais contratos a prazo
Quanto às condições de trabalho, Portugal é o 4.º país europeu com mais contratos a prazo, a seguir a Espanha, à Polónia e aos Países Baixos. Um em cada cinco trabalhadores tem um contrato a prazo, mais quatro pontos percentuais que o verificado na UE27 (14%), mostram os dados.
Por outro lado, o recurso ao tempo parcial é de quase metade em Portugal face à UE27 (10% contra 19%, respetivamente), um valor que contrasta com o registado nos Países Baixos, onde mais de metade trabalha a tempo parcial e, na Alemanha, Áustria, Bélgica esta é uma realidade para pelo menos um quarto dos trabalhadores.
Os dados da Pordata indicam ainda que, em 2019, 11% da população empregada em Portugal era considerada pobre, ou seja, vivia com rendimentos inferiores ao limiar de risco de pobreza, encontrando-se o país entre os cinco (Roménia, Espanha, Luxemburgo e Itália) com maior risco de pobreza entre trabalhadores.
Portugal é também um dos seis países com menor produtividade, ou seja, que gera menos riqueza por hora de trabalho (65% da média da UE27), sendo Bulgária, Grécia e Letónia os “menos produtivos”, ao passo que Irlanda, Luxemburgo e Dinamarca encabeçam a lista dos que geram mais riqueza por hora trabalhada.
Em 2020, mais de um quinto das mulheres inativas entre os 20 e os 64 anos encontravam-se em inatividade devido a responsabilidades familiares. “Em contrapartida, este indicador nunca superou os 5% entre os homens inativos”, pode ler-se no documento.
Em 2020 estavam inscritas 385 mil pessoas como desempregadas no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), um aumento de mais de 71 mil pessoas (22%) face a 2019.
Tendo em conta o total dos desempregados em 2020, verifica-se que 92% estão à procura de novo emprego, mais de metade dos desempregados são mulheres (56%), um quarto tem 55 ou mais anos, quase metade (49%) tem no máximo o ensino básico, mais de 70% provém do setor terciário e 63% está inscrito no IEFP há menos de um ano.
O número de entidades empregadoras com prestações de lay-off tradicional, previsto no Código do Trabalho, aumentou cinco vezes entre 2019 e 2020, de 3.883 para 20.262, tendo já ultrapassado o ano 2009, aquele com o maior número de beneficiários de prestações de lay-off (19.278).
Os dados compilados pela Pordata integram estatísticas de vários organismos oficiais, entre os quais do Eurostat, do IEFP e da Segurança Social, dos últimos três anos.
ZAP // Lusa