Um buraco negro está a matar uma galáxia à fome

Francesco D'Eugenio

Equipa de astrónomos confirma que os buracos negros supermassivos podem privar as galáxias que os acolhem do combustível necessário para formar novas estrelas

Uma equipa de cientistas confirmou que os buracos negros supermaciços podem privar as galáxias que os acolhem do combustível de que necessitam para formam novas estrelas.

Através da utilização do Telescópio Espacial James Webb da NASA, os cientistas observaram a galáxia denominada GS-10578 (Galáxia de Pablo), que possui aproximadamente o tamanho da Via Láctea.

Segundo o Phys.org, a sua massa total é cerca de 200 mil milhões de vezes superior à massa do nosso Sol e a maioria das suas estrelas formou-se entre 12,5 e 11,5 mil milhões de anos atrás.

Num novo estudo, publicado esta segunda-feira na Nature Astronomy, os investigadores observaram que esta galáxia está a expelir grandes quantidades de gás, a velocidades de cerca de 1000 quilómetros por segundo — uma velocidade suficientemente grande para escapar à atração gravitacional da galáxia.

“Com base em observações anteriores, sabíamos que esta galáxia se encontrava num estado de extinção. A galáxia não está a formar muitas estrelas, tendo em conta o seu tamanho, e esperamos que haja uma ligação entre o buraco negro e o fim da formação de estrelas”, diz o primeiro autor do estudo, Francesco D’Eugenio.

Tal como outras outras galáxias com buracos negros em acreção, a “Galáxia de Pablo” tem ventos rápidos de gás quente, no entanto, estas nuvens de gás são ténues e têm pouca massa.

Além disto, os cientistas detetaram a presença de uma nova componente do vento, que não podia ser vista em telescópios anteriores. Este gás é mais frio, o que significa que é mais denso — e não emite qualquer luz.

A massa de gás que está a ser ejetada da galáxia é superior à que a galáxia necessitaria para continuar a formar novas estrelas. Consequentemente, o buraco negro está a matar a galáxia à fome.

“Os buracos negros possuem um grande impacto nas galáxias e é comum que parem a formação de estrelas, mas até este estudo não tínhamos essa confirmação”, conclui o coautor do estudo, Roberto Maiolino.

Os cientistas esperam que novas observações com o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), que visam os componentes de gás mais frios e escuros da galáxia, possam dar novas informações sobre se e onde se esconde ainda algum combustível para a formação de estrelas nesta galáxia, e qual é o efeito do buraco negro supermassivo na região que rodeia a galáxia.

Soraia Ferreira, ZAP //

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